sexta-feira, 29 de julho de 2016

Operação Turbulência

Investigação da Polícia Federal sobre avião de Eduardo Campos indicia 20 pessoas

Investigação sobre avião de Campos indicia 20 pessoas
A Polícia Federal (PF) indiciou 20 investigados na Operação Turbulência, um deles indicado como operador de propinas para o senador Fernando Bezerra (PSB-PE) e para o falecido ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB). Apontados como compradores do avião Cessna que vitimou o ex-candidato à Presidência da República em 2014, os empresários João Carlos Lyra Mello Filho, Eduardo Freire e Apolo Santana Vieira foram indiciados por organização criminosa, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, de acordo com relatório da PF obtido pelo Correio ontem.
A delegada Andréa Pinho Albuquerque atesta que os três eram “os principais integrantes” do esquema de arrecadação de recursos de lavagem de dinheiro. Como tem foro privilegiado, Bezerra responde a inquérito sobre fatos semelhantes no Supremo Tribunal Federal (STF). O indiciamento foi concluído em 15 de julho e encaminhado à 4ª Vara Federal do Recife.
A Operação Turbulência, deflagrada em 21 de junho, contou com informações compartilhadas pela Lava-Jato e só investigou pessoas sem foro privilegiado. Andrea Pinho narra a existência de “diversas pessoas, que, de forma estável, permanente e ordenada, utilizavam as contas bancárias de empresas de fachada ou fantasmas ou de ‘laranjas’ para recebimento de valores de origem espúria ou duvidosa” que, depois, eram entregues “aos seus reais destinatários, seja por meio de saque em espécie, seja por meio de transferências bancárias”.
O inquérito policial aponta que “restou clara a atuação do investigado João Carlos Lyra na condição de operador financeiro de numerários recebidos clandestinamente para abastecer ou pagar dívidas decorrentes da campanha eleitoral do falecido ex-governador Eduardo Campos”. O Inquérito 4005 do STF diz que sobrepreços em contratos na refinaria da Petrobras Abreu e Lima praticados pela empreiteira Camargo Corrêa eram “destinados provavelmente ao pagamento de dívidas de campanha do então governador Eduardo Campos à reeleição”, em 2010. Lyra foi reconhecido por ex-funcionários da construtora como “a pessoa encarregada de entregar a propina devida por aquela empreiteira ao ex-governador Eduardo Campos e ao senador Fernando Coelho”. No STF, apura-se a “possível interferência” do senador perante “operadores do esquema de pagamento de propinas a partidos políticos decorrentes de contratos com a Petrobras, visando a obtenção da ajuda ilícita à campanha de seu então correligionário”.
Bens confiscados
Os investigados negam as acusações. Os advogados de Lyra não quiseram comentar o indiciamento. Mas, em habeas corpus, Maurício Leite e Nabor Bulhões afirmaram que não há motivos para manter o empresário preso e que ele não oferece risco às apurações. Ele, Freire e Santana devem tentar um recurso ao STJ.
A assessoria de Bezerra destacou, ontem à noite, que ele “não é investigado na Operação Turbulência e ratifica o que afirmou no mês de junho: que não foi coordenador de nenhuma campanha de Eduardo Campos”. Naquele mês, o senador disse ainda que a apuração em Recife contraria “frontalmente” depoimentos no inquérito a que responde no STF. A advogada de Eduardo Freire, Ludmila Groch, disse que seu cliente nega os crimes, mas que não comentaria o caso. O defensor de Apolo, Ademar Rigueira, não foi localizado, assim como os demais indiciados.
Correio Braziliense 

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