Investigação da Polícia Federal sobre avião de Eduardo Campos indicia 20 pessoas
A
Polícia Federal (PF) indiciou 20 investigados na Operação Turbulência,
um deles indicado como operador de propinas para o senador Fernando
Bezerra (PSB-PE) e para o falecido ex-governador de Pernambuco Eduardo
Campos (PSB). Apontados como compradores do avião Cessna que vitimou o
ex-candidato à Presidência da República em 2014, os empresários João
Carlos Lyra Mello Filho, Eduardo Freire e Apolo Santana Vieira foram
indiciados por organização criminosa, lavagem de dinheiro e falsidade
ideológica, de acordo com relatório da PF obtido pelo Correio ontem.
A delegada Andréa Pinho Albuquerque atesta que os três eram “os
principais integrantes” do esquema de arrecadação de recursos de lavagem
de dinheiro. Como tem foro privilegiado, Bezerra responde a inquérito
sobre fatos semelhantes no Supremo Tribunal Federal (STF). O
indiciamento foi concluído em 15 de julho e encaminhado à 4ª Vara
Federal do Recife.
A Operação Turbulência, deflagrada em 21 de junho, contou com
informações compartilhadas pela Lava-Jato e só investigou pessoas sem
foro privilegiado. Andrea Pinho narra a existência de “diversas pessoas,
que, de forma estável, permanente e ordenada, utilizavam as contas
bancárias de empresas de fachada ou fantasmas ou de ‘laranjas’ para
recebimento de valores de origem espúria ou duvidosa” que, depois, eram
entregues “aos seus reais destinatários, seja por meio de saque em
espécie, seja por meio de transferências bancárias”.
O inquérito policial aponta que “restou clara a atuação do investigado
João Carlos Lyra na condição de operador financeiro de numerários
recebidos clandestinamente para abastecer ou pagar dívidas decorrentes
da campanha eleitoral do falecido ex-governador Eduardo Campos”. O
Inquérito 4005 do STF diz que sobrepreços em contratos na refinaria da
Petrobras Abreu e Lima praticados pela empreiteira Camargo Corrêa eram
“destinados provavelmente ao pagamento de dívidas de campanha do então
governador Eduardo Campos à reeleição”, em 2010. Lyra foi reconhecido
por ex-funcionários da construtora como “a pessoa encarregada de
entregar a propina devida por aquela empreiteira ao ex-governador
Eduardo Campos e ao senador Fernando Coelho”. No STF, apura-se a
“possível interferência” do senador perante “operadores do esquema de
pagamento de propinas a partidos políticos decorrentes de contratos com a
Petrobras, visando a obtenção da ajuda ilícita à campanha de seu então
correligionário”.
Bens confiscados
Os investigados negam as acusações. Os advogados de Lyra não quiseram
comentar o indiciamento. Mas, em habeas corpus, Maurício Leite e Nabor
Bulhões afirmaram que não há motivos para manter o empresário preso e
que ele não oferece risco às apurações. Ele, Freire e Santana devem
tentar um recurso ao STJ.
A assessoria de Bezerra destacou, ontem à noite, que ele “não é
investigado na Operação Turbulência e ratifica o que afirmou no mês de
junho: que não foi coordenador de nenhuma campanha de Eduardo Campos”.
Naquele mês, o senador disse ainda que a apuração em Recife contraria
“frontalmente” depoimentos no inquérito a que responde no STF. A
advogada de Eduardo Freire, Ludmila Groch, disse que seu cliente nega os
crimes, mas que não comentaria o caso. O defensor de Apolo, Ademar
Rigueira, não foi localizado, assim como os demais indiciados.
Correio Braziliense
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