Mulher matou quatro maridos para somar pensões; filho da vítima ajudou
Polícia diz que ela tinha guardado documentos deles em sua residência
Com as mortes dos
ex-companheiros, a mulher conhecida como viúva negra teria conseguido
duas casas, dois seguros de vida e uma pensão. Marli Teles de Souza foi
presa suspeita de ter matado quatro homens. Segundo a Polícia Civil, no
dia da prisão, agentes encontraram na casa dela, em Caçador, no Oeste
catarinense, documentos dos quatro homens com quem a mulher havia se
relacionado .
"No dia da prisão de Marli, nós encontramos na casa dela uma pasta
contendo documentos de outros três homens com quem ela havia se
relacionado e todos esses homens estavam mortos. Então, começamos a
perceber que estávamos diante de uma teia de assassinatos, a teia da
viúva-negra", disse o delegado Fabiano Locatelli, responsável pelo caso.
A mulher de 46 anos e o filho Ulisses Souza de Oliveira, 21 anos, -
suspeito de participação em um dos crimes - seguem presos
preventivamente no Presídio de Caçador. Ela é suspeita de matar, em um
período de 14 anos, o policial militar Nilson de Souza e o operador de
máquinas Vânio Nórdio, ambos ex-maridos dela, além de outros dois que
foram seus namorados agricultor Jocenir de Carvalho e o empresário Rui
Dias de Oliveira.
Filho teria ajudado
Ela e Rui tiveram o filho Ulisses. De acordo com a polícia, a mulher
orientou o jovem a se aproximar do pai, com quem tinha pouco contato. O
rapaz passou então a frequentar o restaurante do empresário e, pouco
tempo depois, começou a pedir ao pai que fizesse um empréstimo bancário
para estudar. Tanto insistiu que Rui acabou indo ao banco onde assinou
não um financiamento estudantil, mas dois seguros de vida no nome do
filho.
"Esses dois seguros de vida tinham uma cláusula de pagamento em dobro em
caso de morte acidental e, por isso, eles acabaram forjando esse
acidente com o objetivo de receber o seguro em dobro", afirmou o
delegado. O valor dos seguros é de 1,26 milhão.
Menos de um mês depois de assinar as apólices, Rui foi encontrado morto
na caminhonete dele, às margens da SC-350. Para os investigadores, a
mulher planejou casa etapa do crime, entre elas fazer o assassinato
parecer um acidente de trânsito. Para isso, o corpo do homem foi posto
na caminhonete dele, na posição do motorista.
Conforme informações do Fantástico, Marli foi no banco de trás e
Ulisses, dirigindo na frente, ao lado do corpo do pai. A caminhonete foi
jogada em um matagal. "Um plano perfeito: o Rui teria um mal súbito,
cairia no barranco e morreria. E além disso, era o caminho que ele
sempre fazia para ir para casa", comentou o investigador de polícia
Pedro Dias.
Só que dois meses depois, a polícia recebeu uma denúncia anônima pela
internet informando que Rui havia sido envenenado. Um exame toxicológico
revelou duas substâncias presentes no sangue da vítima: a
clorfeniramina, um tipo de antialérgico, e a levomepromazina, um
poderoso sedativo de uso controlado.
"A provável causa da morte do Rui foi a ingestão combinada desses dois
medicamentos. A investigação comprova que ele não fazia uso, que ele não
precisava desses medicamentos. Então, a Marli, de forma dissimulada,
ministrou esses medicamentos a ele", afirmou o delegado.
Outros crimes
Há dois anos, a mulher também teria envenenado o agricultor Jocenir de
Carvalho, segundo a família dele. A dona de casa Marinez de Carvalho
Azeredo, irmã da vítima, conta que o ele foi convencido pela suspeita a
fazer um seguro de vida no valor de R$ 195 mil. "A gente nunca soube
desse seguro. Esse dinheiro ficou com a Marli", declara.
Antes de ser presa, a chamada viúva negra já havia atraído a suposta
quinta vítima para sua teia. Ele preferiu não se identificar. Desconfiou
quando Marli começou a falar, em apenas dois meses de namoro, em seguro
de vida. "Fazia pouco tempo que a gente se conhecia e ela veio com papo
de fazer seguro, insistiu e apresentou umas propostas. Ela disse que
pagava o seguro e tudo. Achei muito estranho. Daí, terminei o namoro e
saí fora", disse o ex-namorado.
Marli e Ulisses serão indiciados por quatro crimes, entre eles homicídio
duplamente qualificado por motivo torpe e meio insidioso e cruel,
fraude processual por forjar cena do acidente e tentativa de
estelionato.
G1
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