Riqueza suspeita
Alvo de ação penal no STF, Alfredo Kaefer, o deputado mais rico da Câmara, teria acumulado fortuna graças a calotes aplicados em credores e manobras no patrimônio familiar
Izabelle Torres (izabelle@istoe.com.br)
Dez vezes o patrimônio: segundo o Ministério Público, dívidas de Alfredo Kaefer com credores e instituições financeiras ultrapassariam a casa do bilhão
O deputado federal Alfredo Kaefer (PSDB-PR)
é o mais rico dentre os parlamentares recém-eleitos para a Câmara.
Segundo sua declaração de bens entregue à Justiça Eleitoral, ele tem R$
108,5 milhões em patrimônio e grande parte desses recursos provém do
aglomerado de empresas em seu nome, que inclui seguradora, frigorífico e
jornais. Longe dos números frios declarados pelo próprio parlamentar,
sua fortuna é controversa. O deputado é alvo de três inquéritos e uma
ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF), dois deles em fase
avançada, graças às investigações já realizadas pela Polícia Civil e
pelo Ministério Público do Paraná. A suspeita mais recorrente nas
investigações é a de que o deputado milionário tenha enriquecido graças a
calotes aplicados nos seus credores e a uma série de manobras no
patrimônio familiar para salvar seus bens de execuções. Segundo o
Ministério Público Federal, a soma das dívidas de Kaefer com credores e
instituições financeiras passa de R$ 1 bilhão, se somados os juros e as
multas. É dez vezes o patrimônio que ele declara possuir.
O mais delicado dos processos é o inquérito
3678/2013, relatado pelo ministro Marco Aurélio Mello. Composto de
diligências policiais e depoimentos de testemunhas, o caso caminha
rapidamente. No dia 13 de agosto, o deputado foi chamado a depor sobre o
pedido de recuperação judicial das empresas de um dos seus grupos, o
Diplomata, mas não compareceu. Segundo o procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, há indícios de que a falência foi fictícia e serviu
apenas para não pagar a credores do grupo, pois a mesma empresa fez
doações para a campanha política do deputado e ainda transferiu mais de
R$ 27 milhões para sua conta pessoal. Dias antes do pedido de
recuperação, Kaefer se retirou da sociedade, deixando sua mulher na
administração. Para o MP, foi uma tentativa de evitar que seu patrimônio
fosse considerado parte do processo. “Tudo leva a crer que a retirada
de Alfredo Stoffels Kaefer das sociedades foi um ata meramente formal,
cujo fim era ludibriar credores e permitir operações e manobras”,
concluiu Janot.
Em setembro, Kaefer se tornou réu no STF
por fraude do sistema financeiro. A ação penal aberta contra ele apura
crimes de gestão fraudulenta, empréstimo dissimulado e fornecimento de
informação falsa ao Banco Central quando era presidente do conselho de
gestão da empresa Sul Financeira S/A. O parlamentar nega todas as
acusações e chegou a criticar o juiz do Paraná que decretou a
intervenção em suas empresas.
Foto: George Gianni/PSDB
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