Procurador diz que Petrolão é o maior escândalo da “nossa história”
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, distribuiu uma
mensagem internara para todos os procuradores do Ministério Público
Federal, em que revela “perplexidade e indignação” diante da extensão do
escândalo revelado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, e
afirma que o “País convulsiona com o maior escândalo de corrupção da
nossa história”.
Ele se refere, obviamente, ao escândalo da Petrobrás, ou Petrolão
como ficou mais conhecido. Em sua delação premiada o ex-diretor da
Petrobrás, Paulo Roberto Costa, apontou pelo menos 32 deputados e
senadores como pretensos beneficiários de propinas. O doleiro Alberto
Youssef, que também fez delação, confirmou parte dos políticos
denunciados por Costa.
Confira a mensagem na íntegra:
“Colegas,
O diálogo, a transparência e o espírito público que têm balizado
minha gestão recomendam que, uma vez mais, eu venha à nossa rede para
falar diretamente a todos vocês, para manifestar a minha indignação
contra os ataques injustos que, em razão das funções que exerço como
Procurador-Geral da República, venho sofrendo por parte da imprensa,
possivelmente secundada ou instrumentalizada, de forma irresponsável,
por interesses inconfessáveis.
Para profunda tristeza dos brasileiros honestos e cumpridores de
seus deveres, o País convulsiona com o maior escândalo de corrupção da
nossa história. Por dever incontornável, o Ministério Público Federal
posicionou-se desde o início do caso como o primeiro combatente dos
desmandos que já se afiguravam no horizonte. Cumprindo estritamente o
mandato constitucional que a sociedade brasileira nos outorgou em 1988,
adotamos posição intransigente na defesa da probidade e no combate à
corrupção que se alastrou na gestão da Petrobras. Essa conduta, como é
do conhecimento de todos os colegas que fazem do exercício de sua função
uma profissão de fé, tem um preço alto, para a instituição e para os
seus membros.
Jamais aceitarei qualquer acordo que implique exclusão de
condutas criminosas ou impunidade de qualquer delinquente. Não admitirei
que interesses externos sejam satisfeitos às custas da credibilidade e
honra da nossa Instituição. Temos uma estrada a trilhar, uma “recta
ratio” inerente à nossa atuação. Ela é, ao mesmo tempo, nossa sina e o
nosso porto seguro. Estou certo de que, se nos mantivermos nela,
chegaremos ao final com a consciência do dever cumprido. Os trinta anos
de experiência nas trincheiras desta Instituição reforçaram minha
convicção de que não podemos nos afastar dessa trilha.
Criei uma Força-Tarefa, sediada em Curitiba, composta por colegas
de excepcional valor profissional e com larga experiência em
investigações dessa natureza. Concedi a um grupo de nove procuradores
todas as condições materiais e humanas para o bom exercício de suas
funções. Coloquei, também, membros e assessores do meu gabinete à
disposição dos trabalhos e, nos momentos críticos, empenhei a força e a
credibilidade do cargo que ocupo em favor das investigações.
Assim prosseguirei e farei o que for necessário para a punição de
todos os envolvidos. Nossa Instituição é forte e o grupo que atua neste
caso é plural e coeso. Trabalhamos em regime de confiança mútua e de
apoio recíproco. Estamos todos juntos na direção correta – fiquem certos
disso.”
Helder Moura
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