sábado, 20 de dezembro de 2014

Operação Gafanhoto

Acusado de chefiar ‘quadrilha’, prefeito andava de Ferrari não declarada ao TSE

Prefeito Luciano Mota é acusado de chefiar esquema criminoso na administração municipal



Embora não tenha declarado bens ao Tribunal Superior Eleitoral em 2012, o prefeito Luciano Mota (PSDB) é acusado de circular pelas ruas de Itaguaí com uma Ferrari amarela, modelo 458 Itália, avaliada em R$ 1,2 milhão. Ele usaria ainda uma caminhonete Range Rover, de R$ 600 mil, e um helicóptero para se deslocar. Em dez ternos, o político teria investido R$ 45 mil numa loja na Barra da Tijuca — menos da metade dos R$ 99 mil pagos numa televisão de 85 polegadas comprada à vista, em dinheiro, e entregue em casa.

De acordo com investigações da delegacia da Polícia Federal de Nova Iguaçu, o valor gasto com os luxos do chefe da administração municipal é fruto de um esquema criminoso no qual Mota seria justamente o “cabeça”. O grupo desviaria, por mês, de R$ 10 a R$ 30 milhões — valor que representa de 11% a 30% da arrecadação total da cidade (R$ 90 milhões).

O inquérito 0345 foi aberto pelo delegado Hylton Coelho em junho deste ano — 18 meses depois de Luciano Mota assumir a Prefeitura de Itaguaí. Nascido em Volta Redonda, a 95 quilômetros dali, o moreno de 32 anos, foi eleito por 31.014 eleitores — o que representa 43,76% dos votos válidos do município da Baixada Fluminense. Na campanha, garantiu ter desembolsado R$ 377.750,00.

Segundo Coelho, a quadrilha incluiu mais de 50 pessoas — entre políticos, empresários, laranjas e até funcionários fantasmas. Há indícios de fraudes em licitações e contratos irregulares em diversas pastas. Na limpeza urbana, por exemplo, apesar de serem pagos R$ 2,7 milhões por mês para coleta seletiva, o serviço não é realizado na cidade. Outros R$ 7 milhões são despendidos por ano no aluguel de 187 carros de luxo, mesmo só sendo utilizado 12 dos veículos.

Na ação intitulada Gafanhoto, os agentes cumpriram 11 mandados de busca e apreensão. Depois de prestarem depoimento, Amaro Gagliarda, secretário de Assuntos Extraordinários; e Ricardo Soares, de Turismo, foram indiciados pelos crimes de desvio de dinheiro público, fraude em licitação, formação de quadrilha e crime ambiental. O prefeito Luciano Mota não foi localizado pela Polícia Federal.
Extraonline

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