‘Arrependido’, Costa diz que esquema da Petrobrás repete-se no Brasil todo
Em
depoimento nesta terça-feira (2) à CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) mista da Petrobras, Paulo Roberto Costa, ex-diretor de
abastecimento da estatal, declarou-se “arrependido”, afirmou que sua
família o convenceu a fazer a delação premiada e disse que o esquema de
desvios na Petrobras repete-se no Brasil inteiro.
Na sessão de hoje da CPI, Costa está sendo submetido a uma acareação
com Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da empresa.
Apesar de afirmar que, mais uma vez,não responderá às perguntas dos
parlamentares, Costa fez um desabafo, que começou quando ele disse que
todas as indicações de diretores da Petrobras, desde o governo de José
Sarney (1985-90) até a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(2003-2010), foram políticas.
“Isso aconteceu em todos os governos. Todos! Com todos os diretores
da Petrobras. Se não tivesse apoio político, não chegava a diretor. Isso
é fato”, disse. Na sequência, declarou-se arrependido por ter aceito
participar do esquema de corrupção para chegar ao cargo de diretor.
“Era um sonho meu chegar a diretor ou até a presidente da companhia”,
disse. “Me arrependo amargamente. Infelizmente, aceitei uma indicação
política para assumir a diretoria de abastecimento. Estou extremamente
arrependido de ter feito isso. Se tivesse a oportunidade de fazê-lo, não
faria novamente. Aceitei esse cargo e ele me faz estar aqui onde estou
hoje”, disse.
Costa disse também que esquemas semelhantes ao da Petrobras ocorrem
no “Brasil inteiro”. “Não se iludam. Isso que acontece na Petrobras
acontece no Brasil inteiro. Em ferrovias, portos, aeroportos. Tudo.
Acontece no Brasil inteiro.”
O ex-diretor da Petrobras disse que não responderia às perguntas dos
parlamentares porque já disse tudo o que sabe na delação premiada. “Não
tem nada da delação que eu falei que eu não confirme. A delação é um
instrumento sério. Não pode ser usado de artifício, mentira, coisa que
não seja possível de, à frente, confirmar.”
Em seguida, Costa disse que provas estão aparecendo e que, na época
oportuna, outros envolvidos no esquema serão conhecidos. Ele disse foram
80 depoimentos em mais de duas semanas de delação. “Vários fatos foram
apresentados, e os que não foram apresentados eu indiquei quem poderia
falar sobre os fatos.” Ao final do desabafo, afirmou ter sido convencido
pela família, e não pelos advogados, a fazer a delação.
“Quem me colocou com clareza para eu fazer a delação foi minha
esposa, minha filha, meus genros e meus netos. Falaram pra mim: ‘Paulo,
por que só você? E os outros? Cadê os outros? Você vai pagar sozinho?’.
Fiz a delação para dar um sossego a minha alma e por respeito e amor à
minha família.”
Uol
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