Ex-mulher de fernando Collor revela em livro que o ex-presidente é um macumbeiro
Durante
os 22 anos em que conviveu com o ex-presidente da República e atual
senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), a ex-primeira-dama Rosane
Malta, 50, guardou em segredo bastidores da vida do ex-presidente.
Agora,
24 anos depois de Collor ter sido eleito presidente, ela conta no livro
"Tudo o que Vi e Vivi", lançado nesta quinta-feira (4), em Maceió,
detalhes da campanha e do envolvimento dele com magia negra.
Esta
não é a primeira vez em que Rosane relata que Collor participava de
rituais com matança de animais, como búfalos, bodes, macacos, galinhas,
para ganhar as eleições. Agora, Rosane conta que defuntos e fetos
humanos foram usados em bruxarias para tirar a candidatura à Presidência
do apresentador Silvio Santos.
"Cecília
[mãe de santo Maria Cecília da Silva] disse que fez um trabalho que
consistia em colocar uma espécie de amuleto, que eles chamam de azougue,
dentro da boca de sete defuntos recém-enterrados no cemitério", conta
Rosane no livro. Tempos depois, a candidatura de Silvio Santos foi
impugnada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
"Cecília
fez um trabalho para Fernando envolvendo fetos humanos. Ela pegou
filhas de santo grávidas, fez com que abortassem e sacrificou os fetos
para dar às entidades", relata.
"Meu
livro é uma promessa de Deus. Ele falou que eu ia escrever tem nove
anos e a promessa foi cumprida. Quero que seja exemplo para outras
mulheres que passaram o que passei, que seja de incentivo para a luta
pelos nossos direitos", disse Rosane ao UOL, referindo-se ao litígio que
enfrenta há oito anos para que fosse garantido o direito de conseguir
pensão e bens que foram adquiridos por Collor durante o período que eles
estavam casados. Rosane, logo após se separar, descobriu que assinara
um contrato com a divisão total de bens e que não tem direito a nada
pertencente ao ex-marido.
Ostentação
Rosane
ainda conta que, quando o casal se mudou para Miami, gastavam US$ 100
mil por mês, renda obtida com parte da participação de Collor nas
empresas da família em Maceió, um conglomerado de emissoras de rádio,
jornal e televisão.
"No
início nos hospedamos em um hotel. Depois, compramos e moramos nossa
casa em Bay Harbor. Ficava em um terreno de mil metros quadrados, com um
gramado que terminava no mar." A casa tinha piscina, sauna, academia e
proteção contra furacões.
Certa
vez, o casal foi esquiar em Aspen, nos EUA, com os sobrinhos e o voo
foi cancelado devido ao mau tempo, apenas aviões de pequeno porte
estavam liberados. Como a bagagem era grande, Collor alugou dois
jatinhos: um só para eles e outro para as bagagens.
Affair
Por
várias vezes no livro, Rosane descreve a relação conflituosa entre ela,
Collor e o casal Pedro Collor e Thereza de Lyra Collor, que denunciou
escândalos que fizeram seu ex-marido perder a Presidência em 1992.
"Acredito
na tese de que os dois tiveram algo antes do meu casamento e que
Thereza continuou apaixonada. Eu também não duvido que tenha sido por
Thereza, por essa obsessão que ela tinha pelo cunhado, que Pedro
resolveu destruir o próprio irmão, trazendo à tona as acusações que
acabaram levando ao impeachment."
Temperamento
Rosane
também comenta na obra rumores de que Collor teria envolvimento com
drogas. Ela afirma que nunca o viu consumindo nada, "mas ele mudava de
humor com facilidade". "Além disso, os olhos dele ficavam muito
vermelhos. Ele costumava chegar em casa nervoso, com olhos
avermelhados."
Ela
destaca que o "nervosismo" e "olhos vermelhos" ficaram frequentes na
fase das denúncias contra Collor. "Certa vez, no início do nosso
casamento, em Maceió, eu saí e, quando voltei, a porta do nosso quarto
estava quebrada. Fernando a tinha destruído com um pontapé."
Em
vários trechos, ela relata altos e baixos do casamento. Ele chegou a
pedir a separação quando era presidente, porém, depois do impeachment, o
relacionamento deles melhorou.
Ao
voltar para o Brasil, quando Collor resolveu concorrer à Prefeitura de
São Paulo, a casa de Miami foi vendida e Rosane começou questionar por
que não havia recebido metade do valor, como fora acordado entre eles,
para que ela comprasse o primeiro imóvel no nome dela. Ela entrou em
depressão e a crise conjugal piorou.
Foi
quando Collor contratou a arquiteta Caroline Medeiros para mobiliar um
apartamento. Ainda não oficialmente separados, Rosane soube que ele
aparecera como par de Caroline na coluna social de um jornal.
Outro lado
Por
meio da assessoria de imprensa, Collor disse que não vai comentar o
teor do livro. A reportagem também entrou em contato com Thereza Lyra,
por meio do advogado dela, Adriano Soares, na quarta-feira (3), mas até a
publicação deste texto ninguém havia se posicionado sobre o assunto.
Blog do Tião Lucena
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