Alex emociona em carta de despedida
No último dia
da vida como jogador de futebol, o meio-campista Alex escreveu um
desabafo emocionado. O ídolo de Coritiba, Palmeiras, Cruzeiro e
Fenerbahce entra em campo nesta tarde pela última vez na vitoriosa
carreira, com a camisa justamente do time paranaense, que o revelou para
o futebol. O dia especial gerou uma carta emocionada no Instagram do
Coritiba, na qual Alex mostrou o que passa por sua cabeça.
O texto do meio-campista cerebral, jogador cada vez mais raro no futebol brasileiro,
lembra Alfredo Di Stéfano, eterno craque argentino, ao qual Alex cita
para agradecer à bola de futebol por tudo o que conquistou na vida. O
atleta lembra o início em família humilde e cita que "atuou em estádios
maravilhosos e outros precários" e "viu o lado A e o lado B do futebol".
Alex diz que realizou o sonho de toda a criança ao jogar futebol em alto
nível e vestir a camisa do time de coração, o Coritiba. O meio-campista
ainda recorda frase do ex-jogador Falcão, que diz que "jogador de
futebol morre duas vezes, a primeira quando para de jogar".
No entanto, Alex mudou o contexto da frase: "prefiro falar que jogador
de futebol nasce duas vezes. Meu segundo nascimento se dará agora". diz o
futuro ex-jogador, que agradeceu ao futebol: "jamais esquecerei".
Veja o desabafo de Alex na íntegra:
"Ao se aposentar dos campos, Alfredo Di Stéfano, grande craque argentino,
destacou feito quadro em sua sala uma bola com a legenda “Graças,
Vieja!”, que significa “Obrigado, Velha!”. Faz tempo que venho cada vez mais compreendendo esse sentimento, que hoje me toma por completo.
Tudo o que tenho devo ao futebol. Tudo o que sou devo ao futebol. O
futebol foi mais do que esporte ou ganha-pão. Foi a minha vida!
Graças a ele pude conquistar o que dificilmente conseguiria. Nasci em
família humilde, cresci numa comunidade e só a minha família sabe das
dificuldades por que passamos. O futebol nos salvou.
Fiz amigos, conheci o mundo, atuei em estádios maravilhosos e outros
precários toda vida. Senti na pele o ônus e o bônus de ser profissional
da bola. Vi o lado A e o lado B do esporte e cheguei a aprender, na
marra, a defender os meus direitos de cidadão, indo até à Justiça pra
clamar por justiça.
Passei instantes de sufoco, tensão, desespero, pavor, revolta, mas
também vivi momentos de sonhos e incontáveis alegrias. Sorri muito,
vibrei muito, me emocionei, saí de mim, pisei nas nuvens. Dei sangue,
suor e lágrimas e não tenho uma vírgula do que me arrepender.
Realizei o sonho de toda criança, que é jogar futebol em alto nível,
vestir a camisa do time do meu coração, depois fechar com grandes clubes
nacionais, ser ovacionado por várias torcidas, defender a Seleção
Brasileira e, por fim, me tornar ídolo na Europa. Sou um sujeito
realizado.
O ‘Rei de Roma’, Falcão, falou uma vez que “jogador de futebol morre
duas vezes; a primeira, quando para de jogar”. Compreendo o que quis
dizer, mas prefiro falar que jogador de futebol nasce duas vezes. Meu
segundo nascimento se dará agora.
Agradeço ao futebol pelo turbilhão de emoções que me proporcionou. Pelos
amigos fiéis e os igualmente fiéis desafetos que acumulei única e
exclusivamente por ter me posicionado ou mostrado opinião. Pela bela
família que construí. Por todo o aprendizado que ganhei.
Obrigado a todos que comigo estiveram próximos ou mesmo de longe
torceram por mim ao longo desses 19 anos de carreira. O que vai
acontecer daqui para frente não sei. Mas o que aconteceu jamais
esquecerei".
- Alex de Souza
Terra
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