Capa da Playboy de 1980 e ex-namorada de Pelé perde tudo e mora em carro
Citada por revista masculina como “a morena que endoidou Pelé”, Oneida vive há oito meses dentro de Polo Preto em São Paulo
Reprodução - Oneida foi capa da revista Playboy de junho de 1980
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Um automóvel de cor preta está estacionado em uma
tranquila rua de Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Ele não chama a
atenção dos pedestres, mas moradores e funcionários do bairro sabem que o
carro virou a casa da ex-modelo Oneida Teixeira, que ganhou o título de
“morena que endoidou Pelé”, frase estampada na capa da revista
“Playboy” de junho de 1980. Em outras publicações do mesmo ano, ela foi
citada ainda como “o caso secreto” do craque.
“Eu considero [que tivemos] um namoro, mas ele deve ver só como uma ficada”, disse ela ao iG na
quarta-feira (27), ressaltando que não pretende usar o caso com o
jogador para sair das ruas. Segundo ela, o drama começou há oito meses,
após perder tudo o que tinha para a irmã em longas batalhas judiciais.
Oneida foi então despejada do mesmo endereço onde ainda estaciona o seu
único bem, um Polo preto. “Tudo o que eu tenho coloquei aqui. Meu carro é
minha cozinha, farmácia e sala”, explicou.
Falando sobre a melhor fase de sua vida, “quando tinha três
empregadas”, a ex-modelo relembrou viagens internacionais em primeira
classe e visitas a Cuba. Hoje, aos 55 anos, ela mantém no console do
veículo restos de alimentos, copos sujos, remédios e adereços para
prender os longos cabelos. O forte cheiro incomoda, mas perde espaço
para a dura realidade de Oneida, que chorou quando narrava a recente
história.
“Nasci com uma casa, nunca me vi nessa situação. Percebi que
meus amigos milionários se foram. Não sobrou nenhum. Só recebo ajuda de
pessoas humildes, como porteiros e faxineiras”, contou com a voz
embargada. “Ajuda quem menos tem para compartilhar.” E essa ajuda vem em
forma de pratos de comida, idas ao banheiro e até convite para a ceia
de Natal. “Pensei que iria passar sozinha neste ano. Pedi ao Espírito
Santo que não deixasse isso acontecer.” Com as dificuldades, o apego
pela religião ganhou força e Oneida não abandona um terço de madeira,
colocado no retrovisor.
Veja fotos de Oneida, ontem e hoje:
Ex-modelo Oneida foi capa da Playboy de junho de 1980; na publicação foi tratada como o caso amoroso do Pelé. Foto: Reprodução
O porteiro do prédio em frente defende Oneida como a
vítima de uma “família mau caráter”. “Tiraram tudo dela. Ajudo como
posso porque é muito triste ver a rasteira que sofreu.” Já um segundo
funcionário é mais cético, mas sempre consegue copos com água para ela.
“É uma história de louco. Às vezes me pergunto se ela não tem problema
mental. Passa dia e passa noite ela está ali dentro do carro. Cadê os
filhos dessa mulher?”, questiona. Ela diz ter dois, que estão bem
resolvidos, porém distantes.
A filha Vivien, garantiu Oneida, é modelo e mora em
Londres. O outro filho Marco Antônio trabalha como gerente de uma loja.
No meio da entrevista, ela recebeu uma ligação de Vivien a convidando
para morar no exterior por um tempo e “tentar sair do carro”. Ao falar
brevemente com a reportagem, a filha se defendeu: “Há sempre dois lados
em uma história. Tentamos ajudá-la. Mandamos dinheiro. Mas às vezes
parece que ela não quer. Só quero que minha tia sofra as consequências
do que fez com a minha mãe”.
Carolina Garcia/iG São Paulo - Oneida é vista caminhando em rua do bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo
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Os detalhes e os motivos da briga familiar que
levaram Oneida a viver em seu carro ainda não estão claros. Em um
segundo encontro com o iG, na
quinta-feira (27), a ex-modelo mostrou momentos de confusão ao
mencionar a irmã. No primeiro momento, Oneida disse que foi recentemente
ao psiquiatra a pedido da família. Minutos depois, recuou e esclareceu
que não tinha contato com a irmã “há muitos anos”. “Acho que essa
situação me abalou muito porque já esqueci muita coisa. Não sou louca,
mas posso ficar daqui uns dias vivendo desse jeito.”
“Quer fazer um pouco de sexo?”
O sono dentro do carro nunca foi tranquilo, seja pelas
preocupações financeiras ou pelo medo de ser atacada à noite. Na semana
passada, sofreu uma de suas piores madrugadas. Foi quando um homem
desconhecido bateu no vidro do carro e perguntou: “Quer fazer um pouco
de sexo?”. Assustada, Oneida reagiu: “Ah, vá para p… que p…”. “Ele foi
embora, mas morri de medo de sofrer alguma violência. Preciso sair dessa
vida, não dá mais.”
Para não passar o dia inteiro dentro do Polo, Oneida caminha
pelas ruas de Pinheiros para “esticar as pernas” e entregar currículos.
No entanto, a ausência de um endereço virou um empecilho para encontrar
um trabalho. “Acabo mentindo, coloco meu enderenço antigo, aí descobrem
que é uma empresa de engenharia e perco a oportunidade. Sou bacharel em
direito, falo espanhol, mas a idade não ajuda”, explica ressaltando
ainda que sentia dores no corpo após uma longa jornada passando roupas
para uma amiga. “Ela pagou para me ajudar.”
O iG procurou
a irmã de Oneida para esclarecer os detalhes da briga familiar e os
motivos do despejo. No primeiro contato – pedindo para não ser
identificada – , ela confirmou um grave desentendimento entre as duas,
mas disse que não daria esclarecimentos sobre a briga porque já não se
falam há muito tempo.
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