TEM AFTA?: Cuidado, teu organismo, pode estar avisando que algo não vai bem
Elas aparecem sem aviso e costumam durar até duas semanas, incomodando, machucando e até mesmo provocando febres. No entanto, se as aftas persistem ou surgem constantemente significa que algo não vai bem com a saúde.
Se você é uma dessas pessoas que sempre estão sofrendo com
as aftas, cuidado! Seu organismo pode estar tentando te avisar que algo
não vai bem. Ao contrário do que muitos acreditam, as aftas não são
causadas pelo vírus que provoca o herpes labial. As
feridinhas que surgem na boca - mais especificamente na gengiva, mucosa e
embaixo da língua - provocando dor e incômodo podem ter causas
diversas, mas, geralmente, aparecem todas as vezes que o sistema
imunológico fica fragilizado ou quando as doenças do chamado aparelho
digestório (antigo aparelho digestivo) causam refluxo e um excesso de
acidez, embora essas situações sejam mais raras.
A literatura especializada afirma que ¼ da população
mundial já sofreu com o problema em algum momento da vida. Para o
professor da Universidade Federal da Bahia e um dos maiores nomes em
estomatologia, o cirurgião-dentista Antônio Fernando Falcão, o problema é
mais comum nas crianças e nos idosos. “Os muito jovens ainda não estão
com as defesas maduras e os mais velhos apresentam fragilidades no
sistema imunológico”, explica. De tão importante, o assunto foi tratado
em um dos módulos da décima sétima edição do Congresso Internacional de
Odontologia da Bahia, realizado no final de semana, no Centro de
Convenções, na Boca do Rio.
Na Bahia, estima-se que 13% da população sofra com as
aftas, no entanto, o cirurgião dentista reconhece que esse número é
subnotificado. Estados como Paraíba, Ceará, Goiás e São Paulo a
prevalência é maior. Fernando Falcão diz que não há uma explicação muito
clara para os números, mas algo pode estar relacionado à herança
genética da colonização nesses locais.
Cuidados
O especialista lembra que as aftas geralmente desaparecem
após duas semanas, mas se a cicatrização demorar de acontecer é
importante que um estomatologista ou gastroenterologista possa avaliar o
quadro para afastar qualquer possibilidade de complicações que possam
resultar num câncer de boca. “As pessoas que são fumantes, portadores de
traumas crônicos ou possuidores de fatores irritativos, como o refluxo
gastroesofágico devem realizar o autoexame sempre e, pelo menos uma vez
ao ano, buscar um profissional para um exame mais detalhado”, esclarece,
fazendo questão de enfatizar que nem toda afta é um fator de risco, mas
que qualquer lesão na boca é um agravo quando o assunto é o câncer de boca.
O médico baiano e mestre em gastroenterologia pela
Universidade de São Paulo Flávio Feitosa lembra que pessoas portadoras
da síndrome do intestino irritável, doença de Crohn, doença celíaca
(alergia ao glúten) estão mais susceptíveis às aftas. “De fato, as
pessoas que desenvolvem múltiplas e repetidas lesões na boca precisam
investigar o problema mais profundamente para saber o que está causando o
quadro”, esclarece, lembrando que as aftas de repetição são grandes
indicativos de problemas no estômago ou doenças imunológicas.
O especialista lembra que não existem alimentos capazes de
provocar aftas, mas que o consumo de alguns produtos podem irritar ainda
mais o local já machucado, como é o caso das frutas cítricas, pimenta,
condimentos em geral, que prejudicam a cicatrização. “As pessoas
alérgicas a amendoim, abacaxi e kiwi também ficam mais predispostas a
desenvolver as úlceras”, completa o médico.
Ele diz que uma boa forma de prevenir o surgimento das
aftas e manter o organismo funcionando bem é optar por alimentos
naturais, ricos em vitaminas do complexo B (como as carnes, legumes,
folhosos, leite e ovos), ferro (pimentão, feijão, salsa, frutas secas,
chocolate meio-amargo, melado de cana-de-açúcar, rapadura e açúcar mascavo, fígado e peixes).
Com uma postura parecida, o estomatologista Fernando Falcão
lembra que é sempre bom evitar os refrigerantes, pois, além da acidez,
o produto termina roubando os nutrientes que ajudam a proteção da
mucosa da boca. “O excesso de açúcar contido nessas bebidas também está
longe de ajudar à saúde bucal”, completa.
Tratamento
O infectologista Claudilson Bastos, assessor do Laboratório
Sabin, lembra que o estresse emocional também possui um impacto no
surgimento das aftas porque, nessas situações, há uma queda imunológica.
“Talvez, por isso mesmo as mulheres sejam as maiores vítimas dessas
lesões”, explica.
O médico lembra que embora não exista um tratamento
específico para as aftas, cuidados com a higienização, o uso de
anti-inflamatórios, analgésicos e, em casos de alergias, corticoides
ajudam a tratar o incômodo. As aftas também podem vir acompanhadas de
febres ou ínguas. “Aplicar gelo na área atingida também ajuda a reduzir
a dor”, ensina o infectologista, ressaltando que a administração do
estresse por meio de atividades físicas, boas noites de sono e uma
alimentação equilibrada também são bons aliados no combate das aftas.
IG NOTICIAS
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