Aécio condiciona diálogo a investigação da Petrobras
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse nesta
quarta-feira, em seu primeiro discurso no Senado após as eleições, que
só se dispõe a dialogar com a presidente Dilma Rousseff com apresentação
de propostas e quando o governo demonstrar interesse em investigar as
denúncias de corrupção na Petrobras. O tucano voltou a reclamar da
campanha eleitoral do PT e defendeu uma oposição forte nos próximos
quatro anos.
“Esconder, camuflar, virou rotina desse governo. Todo o
esforço feito nessa casa para inibir a CPI foi em vão. Agora, os que
foram intolerantes nesses anos, falam em diálogo. Pois bem, qualquer
diálogo tem que estar condicionado ao aprofundamento das investigações
daqueles que protagonizaram o maior escândalo de corrupção, já chamado
de petrolão”, discursou, fazendo referência à proposta de diálogo da
presidente Dilma no discurso da vitória, no dia 26 de outubro.
Antes das eleições, a oposição articulou uma CPI para
investigar suspeitas de irregularidades na Petrobras, como a compra da
refinaria de Pasadena, o que sofreu resistência por parte do governo.
Aécio Neves usou durante toda a campanha contra a presidente Dilma
denúncias na estatal, que se defendeu acusando os tucanos de não
investigar casos de corrupção durante o governo de Fernando Henrique
Cardoso.
Saiba Mais:
No pronunciamento, Aécio voltou a prometer empenho na
oposição para fiscalizar o governo. "Faremos uma oposição
inquebrantável, intransigente. Vamos fiscalizar, vamos cobrar, vamos
denunciar, vamos combater sem tréguas a corrupção", disse.
Derrotado no segundo turno pela presidente Dilma
Rousseff, o tucano voltou a acusar a postura do PT durante a campanha
eleitoral. Segundo ele, carros de som no Nordeste anunciavam que um
eventual governo do PSDB acabaria com o Bolsa Família.
“Nesse
vale-tudo eleitoral, legitimaram a calúnia e a infâmia como
instrumentos de luta política. A má-fé chegou as raias do absurdo e
agrediu a consciência democrática do País”, disse.
O tucano também criticou uma resolução aprovada pela
Executiva Nacional do PT na segunda-feira que defende a democratização
de mídia e afirma ser “urgente construir hegemonia na sociedade”. O
texto petista também diz que a candidatura tucana representava o
machismo, o ódio, a intolerância, o racismo, o preconceito e a nostalgia
pela ditadura militar.
“Esses atributos eles jogam sobre 51 milhões de homens e
mulheres. Ora, a grande verdade é que nossa campanha respeitou os
limites da ética, respeitou a democracia. Nós não somos isso que querem
fazer crer, nós somos a verdade”, disse.
Em um aparte, o líder do PT, Humberto Costa (PE), disse
que os excessos ocorreram em todos os lados da disputa eleitoral. “A
presidente Dilma foi vítima também de agressões violentíssimas que não
são apenas dessa campanha, são de quatro anos. No Brasil talvez apenas
Getúlio Vargas e João Goulart foram submetidos a esse cerco”, disse.
O senador petista lembrou que uma reportagem publicada
pela revista Veja antes do segundo turno e algumas pesquisas eleitorais
favoreceram o tucano. "É preciso desmonstarmos os palanques. A oposição
precisa ter a visão clara que há muita coisa que deveríamos trabalhar em
conjunto. O ódio está permitindo que alguns façam a defesa da ditadura
militar, façam a defesa da secessão do Brasil", afirmou.
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