‘Se presidir Câmara, engaveto regulação da mídia’
Revelação de acusados na Lava Jato não pode paralisar Congresso em 2015, diz líder do PMDB
O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), diz que, se
eleito presidente da Câmara dos Deputados, vai colocar “na gaveta” o
projeto de regulação da mídia que a presidente Dilma Rousseff pretende
elaborar.
“Regulação de mídia jamais. Eu colocaria na gaveta. Não faz
parte do meu propósito. Eu sou muito claro, transparente para que todos
saibam que eu eleito presidente da Câmara não darei curso a um projeto
de regulação de mídia”, afirma Cunha.
O líder do PMDB avalia que a futura revelação dos nomes de
deputados e senadores acusados nas delações premiadas da Operação Lava
Jato não afetará o funcionamento da Congresso. “Da minha parte não
travará. Eu acho que tem de funcionar como prevê a Constituição, o
regimento da Câmara e, provavelmente, do Senado.”
Segundo ele, será inevitável a instalação de uma nova CPI no
Congresso para investigar a corrupção na Petrobras. “Não há condições
políticas da gente dizer que não apoiará. Claro que temos de apoiar.
Efetivamente, essa investigação foi interrompida por fatos
supervenientes a ela.”
Cunha diz que advogados do ex-diretor de Abastecimento e
Refino Paulo Roberto Costa lhe disseram que ele não foi citado na
delação premiado, contrariando relato da revista “IstoÉ”. “Foi uma
citação vaga de uma revista, que tinha outras citações vagas, e que
efetivamente mandaram me desmentir. [...] Mandei meus advogados
consultarem. Não houve citação do Paulo Roberto. O que também não teria
nenhum problema de ter citação, porque citação não implicaria ter nenhum
comprometimento.”
A respeito da disputa pela presidência da Câmara, ele diz que
os deputados não aceitariam a eleição de um petista nem do rodízio
acordado entre PT e PMDB. “A Casa não vê com bons olhos, a sua maioria,
que o PT, já que está no Poder Executivo, comande o Poder Legislativo. E
não dá pra nós, PT e PMDB, mesmo que nós concordássemos em fazer um
acordo de divisão, de rodízio, a Casa não aceitaria.”
Cunha rebate as críticas de que seria um adversário do
Palácio do Planalto. “Em primeiro lugar, eu não sou inimigo do governo.
Em segundo lugar, quanto a presidente gosta ou deixa de gostar [de mim],
eu nunca ouvi falar.” Ele afirma que “não quer ser submisso ao governo
nem quer ser candidatura de oposição” em uma eventual disputa pela
presidência da Câmara.
Para o deputado, a relação de Dilma com o Congresso Nacional
será mais difícil a partir de 2015. “Na medida em que você tem uma
divisão maior e uma oposição mais aguerrida, é claro que a Casa ficará
mais difícil no seu dia-a-dia. Então, é importante que se lide através
do diálogo, que a própria presidente propôs.”
Eduardo Cunha considera “um absurdo” os pedidos de
impeachment que circulam nas redes sociais. “Nós não podemos fazer um
segundo turno eleitoral praticamente duas semanas depois das eleições.
Não dá pra gente querer, como se diz, ganhar com gol de mão depois que o
resultado acabou.”
Cunha afirma ser favorável a PEC da Bengala, proposta de
emenda à Constituição que amplia de 70 para 75 anos a idade limite para
aposentadoria compulsória dos magistrados. “São pessoas que estão na sua
plenitude intelectual. Expectativa de vida de 70 anos, quando foi feito
isso na constituição de 88, hoje é completamente diferente.”
PINGUE-PONGUE
Getúlio Vargas: É um ícone do trabalhismo e de uma certa parte da história brasileira.
Juscelino Kubitschek: É um empreendedor. Ele tem o espírito do empreendedorismo.
Jânio Quadros: Na política, tem algumas coisas que a gente
deve evitar e alguns princípios, pelo menos os originais, a vassoura,
aquelas coisas todas daqueles princípios, são princípios bons.
João Goulart: É a antítese de algumas coisas. Foi justamente
aquilo que acabou levando ao que nós não queríamos que acontecesse nesse
momento da história. Então, não como pessoa, mas aquele comportamento
político dele naquele momento foi um comportamento que acabou levando o
país a convulsão que levou.
Ditadura Militar de 64: Totalmente absurda. É uma coisa que a história tem que mostrar bem para que isso nunca mais se repita.
Tancredo Neves: Era um conciliador. E, naquele período que se
estava justamente saindo da ditadura militar, era pessoa certa para
exercer a conciliação.
Sarney: Tem um papel de muita relevância na história porque
acabou conduzindo aquilo que era o papel que o Tancredo tinha. Ele
promoveu a Constituinte, a Reforma Partidária. É o da abertura.
Fernando Collor: Ali ele pecou porque vinha numa eleição
solteira. Pelo fato de ser uma eleição solteira, ainda não existia muito
o conceito de marketing, ele soube aproveitar bem e não governou com os
princípios que o levaram a se eleger.
Itamar Franco: Veio depois do impeachment e conseguiu pelo
menos manter o país até a próxima eleição. Então, ele cumpriu aquilo que
o destino acabou lhe reservando.
Fernando Henrique Cardoso: Promoveu a estabilidade da
economia. Era um perfil conciliador também. E, por esse perfil
conciliador, ele conseguiu contemporizar o Itamar. Começou um plano
dentro do governo Itamar. Teve muitos acertos em seu governo e teve
muitos erros também.
Lula: É um brasileiro que é o exemplo daquilo que você pode
ter de ascensão de classe social e de mudança de vida, de uma esperança
de um povo daqueles que não tiveram oportunidade de chegar a um estágio
de estudo, a um estágio de acesso a renda. Ele governou para os mais
pobres. É um exemplo do ponto de vista daquilo que ele começou a fazer,
daquilo que ele continuou a fazer.
Dilma Rousseff: É a presidente da República que foi
efetivamente a sucessora de um processo colocado pelo PT. Claro que uma
origem diferenciada. É uma pessoa que, de uma certa forma, ela vem de um
sofrimento de um processo de ditadura militar. Ela é um exemplo de
sobrevivência. É uma pessoa extremamente capacitada. Ela tem seus
méritos. [...] Ela ainda está terminando sua história de exercício. Tem
que deixar mais… O Lula, o segundo mandato dele foi muito melhor que o
primeiro. O Fernando Henrique, o segundo mandato dele foi muito pior.
Tem de esperar o segundo mandato dela para você ter uma conceituação
definitiva do que pode ser.
Redução da maioridade penal: Sim.
Criminalização da homofobia: Não. Quero deixar isso bem
claro. Não quero ficar como homofóbico. Sim, desde que com a liberdade
de direito de culto.
Descriminalização do uso da maconha: Não.
Ampliação do direito ao aborto: Aborto nunca.
Manter a legislação como está: Piorando e agravando a pena para médicos que são açougueiros.
ISABELA HORTA
Brasília
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