sexta-feira, 14 de novembro de 2014

"Apoios parlamentares são comprados"

Ricardo e o novo indexador monetário da política paraibana: a tabela Ricardo Coutinho

Por Fabiano Gomes

Em Guarabira, para uma plateia que aplaudia entusiasmada, o governador Ricardo Coutinho – pelejando sua reeleição – fez uma revelação comprometedora dos bastidores da política paraibana: apoios parlamentares são comprados. E o preço é alto.
Pelos cálculos do comandante do Palácio da Redenção, a adesão de um parlamentar na Casa de Epitácio Pessoa custa em torno de R$ 300 mil mensais.
Intencionalmente ou não, ele acabou criando um indexador monetário da política local. E viabiliza, agora, cálculos muito precisos do ônus que sua base aliada na Assembléia Legislativa provoca sobre os cofres públicos.
De fato, é no mínimo razoável supor que existem milhões de reais envolvidos no azeitamento de sua base na AL.
Se a suposta lista que o deputado Adriano Galdino apresenta, contabilizando apoios a sua candidatura a Presidência da Assembléia for real, é possível calcular todos os cifrões envolvidos na transação.
Galdino, candidato do governo, teria pelo menos 20 assinaturas de parlamentares dispostos a colocá-lo na cadeira de presidente.
Já sabemos que a listagem tem alguns furos. Pelo menos dois nomes incluídos na tal lista – os deputados Frei Anastácio e Anísio Maia –  negaram com veemência terem subscrito o documento.
Feito a subtração dos petistas e considerando a “tabela RC” e seu índice de R$ 300 mil/mês, podemos computar que a base governamental custa, por mês, R$ 5,4 milhões – recursos necessários para o rateio entre os dezoitos integrantes da base governista na AL.
O custo anual é superior a R$ 64 milhões (mais precisamente R$ 64,8 milhões). Ao final do seu mandato, desconsiderando eventuais reposições (repasses inflacionários, talvez), o Governo terá desembolsado a nada modesta quantia de R$ 259,2 milhões para bancar sua base política no parlamento.
Dinheiro que ele, solenemente, garantiu que jamais pagaria a um deputado sob pena de descobrir programas essenciais aos que mais precisam, como a assistência a saúde e o acesso a educação.



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