Seca em represa do Cantareira revela 'cemitério de carros' no interior de São Paulo
Represa do Atibainha, em Nazaré Paulista, opera com 1,46% da capacidade.
Segundo Polícia Civil, ao menos 20 veículos reapareceram com estiagem.
A estiagem na represa do Atibainha em Nazaré Paulista,
no interior de São Paulo, que tem feito moradores redescobrirem locais e
monumentos que estiveram submersos por décadas, também revela um
'cemitério de carros' que estava sob a água. Com o nível da represa do
Atibainha atingindo 1,46% de sua capacidade total nesta quarta-feira
(8), ao menos 20 veículos reapareceram com o período atual de seca,
segundo a Polícia Civil.
Somente em um trecho às margens da rodovia Dom Pedro I, três carros
foram descobertos recentemente. O primeiro deles foi encontrado em
agosto, quando a carcaça apareceu na represa. Depois de conseguir
tirá-lo de lá, a Polícia Civil de Nazaré Paulista constatou que o carro
era produto de um furto ocorrido em São José dos Campos no ano de 2002.
Veículos antes submersos na represa do Atibainha voltam a aparecer com seca. (Foto: Eduardo de Paula/ TV Vanguarda) |
Pelo menos outros três carros podem ser vistos com o nível da água mais
baixo. “A cada semana aparecem mais carros. Como há uma mureta na ponte
que passa por cima do trecho, acreditamos que os criminosos tenham
usado um caminhão para jogar os carros no local”, disse o delegado Luiz
Carlos Ziliotti.
Segundo o delegado, os carros que estão surgindo na represa podem ser
produtos de furto, de roubo ou de golpes em seguro. Em 2006, a Polícia
Civil descobriu um cemitério de carros submersos a cerca de sete metros
de profundidade em um trecho da represa.
“Conseguimos combater esta ação na época. Havia uma quadrilha instalada
no local e por duas vezes surpreendemos eles. É um lugar bastante
escondido, no meio da mata, então eles traziam carros da grande São
Paulo, na maioria roubados”, disse o delegado.
A represa do Atibainha é uma das cinco represas que integram o Sistema
Cantareira, responsável pelo abastecimento de atualmente 6,5 milhões de
pessoas na Grande São Paulo, mas opera com 5,6% da capacidade.
Volume morto
Desde maio, a Companhia de Saneamento Básico de do Estado de São Paulo
(Sabesp) faz a captação e utiliza uma reserva técnica, chamada de volume
morto. Um boletim Agência Nacional de Águas (ANA) apontou que 81% da
primeira cota do volume morto do Sistema Cantareira já foram captados
pelo órgão.
A ANA aguarda o envio da versão final do plano de demanda e de
contingência do Cantareira feito Sabesp para avaliar o pedido. O prazo
venceu na segunda-feira (6), mas a companhia informou que o projeto está
em elaboração e que será entregue quando for finalizado. A data para
apresentação também não foi divulgada. O Departamento de Águas e Energia
Elétrica (DAEE), responsável pelo envio oficial à ANA, não se
manifestou sobre o assunto.
A Sabesp não divulgou data para o início da nova captação e informou
que ela será feita apenas se for necessário. No entanto, as bombas já
estão prontas para operação. A segunda cota do volume morto do
Cantareira vai elevar em 10,7 pontos percentuais a capacidade das cinco
represas, de acordo com a companhia de abastecimento.
O Sistema Cantareira tem cinco represas, a Jaguari-Jacareí é a maior.
Através de um túnel, ela despeja água na represa Cachoeira, que por sua
vez abastece o reservatório de Atibainha. De lá, a água segue para o
reservatório Paiva Castro e depois é bombeada para Águas Claras, que
fica no topo da Serra da Cantareira. Lá ela é tratada e distribuída para
mais da metade da população da Grande São Paulo.
Seca revela que margens da represa do Atibainha, que integra Sistema Cantareira, servia como desmanche de carros (Foto: Silas Basílio/ TV Vanguarda) |
Ao menos 20 carros apareceram com a estiagem na represa do Atibainha. (Foto: Silas Basílio/ TV Vanguarda) |
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