terça-feira, 14 de outubro de 2014

Narrativa preocupante

COMPORTAMENTO DA POLÍCIA MILITAR EM PATOS NO 1º TURNO É QUESTIONADA POR JUIZ

Há um receio de que essa mesma postura esterra ocorrendo em outros municípios


Se houvesse partido de uma coligação, pareceria mais um capítulo das brigas próprias do pleito. Vindo em forma de documento assinado por um juiz, o relato de que a Polícia Militar teria agido com parcialidade no mister de assessorar a Justiça na fiscalização e combate a crimes eleitorais, ganha contorno de gravidade e preocupação.

O suposto desvio para proteger à candidatura oficial do governo – denunciado pelo juiz Ramonilson Alves, de Patos, em ofício encaminhado ao Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba – é o principal argumento utilizado pelo magistrado para apelar à Corte pelo envio de tropas federais à cidade.

Ramonilson é de uma clareza solar ao caracterizar o comportamento da PM local no primeiro turno como variável, de acordo com os envolvidos: “É fato que, quando alguma irregularidade ou ilicitude praticada na campanha da candidatura adversária a do governador, a fiscalização é intensa e elogiável. O que é muito bom”, contextualiza.

“No entanto, quando a candidatura é do próprio ou simpática ao Governo do Estado, a atuação da PM é reticente, estranha e somente ocorre mediante pressão dos agentes do Ministério Público, do magistrado ou da Polícia Federal. O que é muito ruim”, lamenta o magistrado em ofício endereçado ao TRE.

O juiz cita o exemplo da distribuição ilegal de combustíveis no dia anterior à eleição em vários postos de Patos. Narra que, apesar de o fato ter acontecido, “às escâncaras”, na expressão dele, buscou, em vão, ajuda da Polícia para impedir e flagrar o delito. A narrativa é preocupante porque abre o receio de que essa mesma postura esteja ocorrendo em outros municípios. Por isso, merece apuração rigorosa.

A começar do próprio Comando da PM e da Secretaria de Segurança. O Estado não pode ser instrumentalizado em favor ou em desfavor de quem quer que seja no processo eleitoral. O aparato de segurança deve estar a serviço da Lei, sua bússola, e do público, o seu verdadeiro patrão. Não do governante da vez.

Heron Cid

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