COMPORTAMENTO DA POLÍCIA MILITAR EM PATOS NO 1º TURNO É QUESTIONADA POR JUIZ
Há um receio de que essa mesma postura esterra ocorrendo em outros municípios
Se houvesse partido de uma coligação, pareceria mais um capítulo das
brigas próprias do pleito. Vindo em forma de documento assinado por um
juiz, o relato de que a Polícia Militar teria agido com parcialidade no
mister de assessorar a Justiça na fiscalização e combate a crimes
eleitorais, ganha contorno de gravidade e preocupação.
O suposto desvio para proteger à candidatura oficial do governo –
denunciado pelo juiz Ramonilson Alves, de Patos, em ofício encaminhado
ao Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba – é o principal argumento
utilizado pelo magistrado para apelar à Corte pelo envio de tropas
federais à cidade.
Ramonilson é de uma clareza solar ao caracterizar o comportamento da PM
local no primeiro turno como variável, de acordo com os envolvidos: “É
fato que, quando alguma irregularidade ou ilicitude praticada na
campanha da candidatura adversária a do governador, a fiscalização é
intensa e elogiável. O que é muito bom”, contextualiza.
“No entanto, quando a candidatura é do próprio ou simpática ao Governo
do Estado, a atuação da PM é reticente, estranha e somente ocorre
mediante pressão dos agentes do Ministério Público, do magistrado ou da
Polícia Federal. O que é muito ruim”, lamenta o magistrado em ofício
endereçado ao TRE.
O juiz cita o exemplo da distribuição ilegal de combustíveis no dia
anterior à eleição em vários postos de Patos. Narra que, apesar de o
fato ter acontecido, “às escâncaras”, na expressão dele, buscou, em vão,
ajuda da Polícia para impedir e flagrar o delito. A narrativa é
preocupante porque abre o receio de que essa mesma postura esteja
ocorrendo em outros municípios. Por isso, merece apuração rigorosa.
A começar do próprio Comando da PM e da Secretaria de Segurança. O
Estado não pode ser instrumentalizado em favor ou em desfavor de quem
quer que seja no processo eleitoral. O aparato de segurança deve estar a
serviço da Lei, sua bússola, e do público, o seu verdadeiro patrão. Não
do governante da vez.
Heron Cid
Heron Cid
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