Lula diz estar de ‘saco cheio’ e critica imprensa: ‘é só insinuar’
Youssef afirma que o ex-presidente cedeu a pressões para nomear diretor da Petrobras
O ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva criticou nesta quinta-feira o vazamento do depoimento do
doleiro Alberto Youssef à Justiça, divulgado na imprensa. No depoimento,
Youssef afirma que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo
Roberto Costa foi empossado no cargo em 2004 após o então presidente
Lula ceder a pressão de “agentes políticos”.
Além disso, Youssef e Costa disseram à Justiça que o tesoureiro nacional
do PT, João Vaccari Neto, operava desvios na Petrobras para o partido.
Ambos fizeram acordo de delação premiada no processo da Operação Lava
Jato, deflagrada em março pela Polícia Federal.
Sem mencionar diretamente o caso da Petrobras, Lula disse, durante
discurso em plenária do PT em São Paulo, que toda eleição “é a mesma
coisa” e que está “de saco cheio”.
“Toda época de campanha é sempre o mesmo cenário. Eles começam a
levantar denúncias, e denúncias não precisam ser provadas, é só
insinuar. Quando insinua, a imprensa dá destaque: as revistas publicam e
a televisão divulga o tempo inteiro. Ninguém tem que provar nada, é só
insinuar”, criticou Lula.
“Eu queria dizer que eu já estou de saco cheio. Estou cansado. Todo ano é
a mesma coisa: é eleição para a prefeitura, é eleição para presidente, é
eleição para governador. Daqui a pouco eles estarão investigando como é
que nós nos comportávamos dentro do ventre da nossa mãe”, continuou o
ex-presidente.
“Vazamento seletivo”
Mais cedo, o líder da bancada do PT na Câmara à época da nomeação de
Paulo Roberto Costa, deputado Arlindo Chinaglia (PT), disse que a
denúncia de pressão sobre Lula é "mentira" e afirmou que o “vazamento
seletivo” da delação tem objetivo eleitoreiro. No depoimento, o doleiro
Youssef afirma que, “para que Paulo Roberto Costa assumisse a cadeira da
Diretoria de Abastecimento, agentes políticos trancaram a pauta no
Congresso por 90 dias”, o que teria deixado Lula “louco”, até que cedeu à
pressão.
"Chama muita atenção que, no período de eleição, apesar da determinação
do STF, da da Procuradoria-Geral da República, de que o processo corra
em sigilo, um juiz de primeira instância suspenda o sigilo e divulgue,
de forma direta ou indireta, de forma seletiva, sem direito a defesa,
atingindo pessoas, atingindo instituições", disse Chinaglia a
jornalistas.
“Uma investigação com vazamento seletivo no período eleitoral... esse
juiz pode estar se transformando voluntária ou involuntariamente em um
cabo eleitoral", continuou o deputado.
Para provar que a pauta do Congresso não foi trancada, Chinaglia listou
uma série de medidas provisórias, projetos de lei e propostas de emenda à
Constituição que foram votadas no período que antecedeu a nomeação de
Paulo Roberto Costa na diretoria da Petrobras.
Segundo turno
O evento desta quinta-feira foi uma convocação para que a militância se
esforce para reeleger a presidente Dilma Rousseff (PT), que disputa o
segundo turno com Aécio Neves (PSDB). Pesquisas Datafolha e Ibope
divulgadas nesta quinta-feira mostram que o tucano tem 46% das intenções
de voto para o tucano, contra 44% da petista - margem de erro de dois
pontos percentuais para mais ou para menos em ambas as pesquisas.
Diante desse cenário, Lula fez um apelo e pediu que a militância "não
abaixe a cabeça" diante das denúncias contra o PT. "Acho que muitas
vezes nós ficamos inibidos, mas nós temos que encarar. Não podemos
permitir que tucano nenhum venha nos chamar de corrupto", afirmou o
ex-presidente.
Antes do discurso de Lula, o presidente do PT, Rui Falcão, minimizou o
impacto das pesquisas e disse que, com a "onda" formada nesta semana
contra Dilma, o tucano poderia estar com até dez pontos de vantagem.
"Não nos abalamos. Vamos fazer uma campanha da vitória e a pesquisa
definitiva, a que vale, é a do dia 26", declarou Falcão.
Terra
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