Heron Cid: Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão
da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV do Sistema Correio de
Comunicação.
MANIQUEÍSMO
Nem os conhecidos reveses
políticos, nem as muitas crises administrativas e nem a posição
desconfortável do seu projeto de reeleição têm livrado o governador
Ricardo Coutinho, a quem reputo como bom gestor, de um grande mal: o de
tentar dividir a história, a política e a Paraíba entre o Bem e o Mal.
O Bem, claro, personificado nele próprio, e o Mal, tudo aquilo que não
seja aliado ou pense diferente. Ontem, Ricardo voltou a recorrer a esse
artifício: ao comentar a adesão do deputado Antônio Mineral, Coutinho
açoitou ex-aliados e adversários, seu hobby predileto desde que assumiu o
governo.
Classificou a atitude do parlamentar tucano como mais uma prova da
“promiscuidade” política da Paraíba. Nada disse, entretanto, quando o
mesmo Mineral ficou no governo em janeiro e não manifestou de pronto
apoio ao candidato do seu partido (PSDB). Ali, Mineral era alguém que
queria o “melhor pra Paraíba”.
Na lógica de Ricardo, empoderado no Palácio da Redenção e com a caneta
do Diário Oficial, somente ele recebe adesões de prefeitos e lideranças
sem qualquer interesse que não seja republicano. Os adversários, não.
Esses sempre cooptam, apesar de não disporem da mesma estrutura própria
da máquina.
É assim: quem está com o governo é pelos méritos da gestão. Na oposição,
só por interesse. Como agora a biruta das adesões sopra pro outro lado,
diferente do ano passado, ele desqualifica as defecções e resume todas a
um “balcão de negócios”, onde ele é o único imaculado que “não
participa” e não “faz o Estado participar disso”.
“Se eu quisesse, hoje eu mandava fazer uma fila e teria maioria na
Assembleia, mas como métodos que não seriam republicanos”, insinuou
Ricardo, para explicar a inusitada minoria na Casa. Há de se perguntar:
que métodos ele usou, então, para formar sua esmagadora maioria na
Câmara, quando prefeito da Capital?
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