terça-feira, 2 de setembro de 2014

"O Bem e o Mal"

Heron Cid: Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV do Sistema Correio de Comunicação.

MANIQUEÍSMO

Nem os conhecidos reveses políticos, nem as muitas crises administrativas e nem a posição desconfortável do seu projeto de reeleição têm livrado o governador Ricardo Coutinho, a quem reputo como bom gestor, de um grande mal: o de tentar dividir a história, a política e a Paraíba entre o Bem e o Mal.

O Bem, claro, personificado nele próprio, e o Mal, tudo aquilo que não seja aliado ou pense diferente. Ontem, Ricardo voltou a recorrer a esse artifício: ao comentar a adesão do deputado Antônio Mineral, Coutinho açoitou ex-aliados e adversários, seu hobby predileto desde que assumiu o governo.

Classificou a atitude do parlamentar tucano como mais uma prova da “promiscuidade” política da Paraíba. Nada disse, entretanto, quando o mesmo Mineral ficou no governo em janeiro e não manifestou de pronto apoio ao candidato do seu partido (PSDB). Ali, Mineral era alguém que queria o “melhor pra Paraíba”.

Na lógica de Ricardo, empoderado no Palácio da Redenção e com a caneta do Diário Oficial, somente ele recebe adesões de prefeitos e lideranças sem qualquer interesse que não seja republicano. Os adversários, não. Esses sempre cooptam, apesar de não disporem da mesma estrutura própria da máquina.

É assim: quem está com o governo é pelos méritos da gestão. Na oposição, só por interesse. Como agora a biruta das adesões sopra pro outro lado, diferente do ano passado, ele desqualifica as defecções e resume todas a um “balcão de negócios”, onde ele é o único imaculado que “não participa” e não “faz o Estado participar disso”.

“Se eu quisesse, hoje eu mandava fazer uma fila e teria maioria na Assembleia, mas como métodos que não seriam republicanos”, insinuou Ricardo, para explicar a inusitada minoria na Casa. Há de se perguntar: que métodos ele usou, então, para formar sua esmagadora maioria na Câmara, quando prefeito da Capital?

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