Collor diz que impeachment foi golpe
O ex-presidente e senador candidato à reeleição por Alagoas, Fernando Collor de Mello (PTB), usou seu primeiro programa
de TV no horário eleitoral, nessa quarta-feira (20), para dizer que foi
vítima de um "golpe parlamentar" em 1992, quando sofreu um impeachment.
O programa lembra as absolvições de Collor na Justiça e diz que ele é
"ficha limpa".
No início do programa, a apresentadora diz que Collor teve uma carreira
"brilhante" e "precoce", sendo presidente aos 40 anos. Em seguida, um
vídeo com locução afirma que, em 1992, ele foi "retirado da presidência"
por "denúncias nunca comprovadas que inundaram a imprensa." "Ele foi
perseguido e cassado pelos políticos", diz.
Chega então a vez do depoimento do senador. "Fui afastado somente na
suposição de que as acusações que me faziam à época eram verdadeiras,
sem nenhuma prova disso. Foi um golpe parlamentar, não foi popular. Não
vimos nenhum pé descalço, descamisado. O movimento das ruas foram todos
orquestrados", afirmou.
Collor também citou a última absolvição do STF (Supremo Tribunal
Federal), em abril deste ano, quando a corte o inocentou das denúncias
de peculato (desvio de dinheiro público), falsidade ideológica e
corrupção passiva por falta de provas.
"Em 1994 fui absolvido de todas as acusações. E agora, mais uma vez, o
STF disse: este homem é inocente das acusações que são feitas", afirmou.
O ex-presidente usou imagens também do seu discurso no Senado, no dia
seguinte à absolvição, quando questionou quem iria "devolver o que me
foi tomado".
Imagens da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), candidata ao governo do
Paraná, falando em apoio ao senador por Alagoas também foram usadas,
assim como trecho lido pela relatora do processo no STF, a ministra
Carmem Lúcia.
Ao fim, a apresentadora de Collor mandou um recado aos demais
concorrentes ao Senado em Alagoas. "Agora que tudo ficou claro, não
venham com baixaria, nem calúnias. Collor é ficha limpa. O guerreiro
resistiu e venceu", finalizou.
Manifestação e impeachment
Apesar de citar que não houve manifestação verdadeiramente popular, a
história aponta que milhares de pessoas --sendo a maioria estudantes--
foram às ruas do país pedir a saída do então presidente.
Ainda naquele ano, pressionada pelas denúncias e diversas manifestações
públicas, a Câmara autorizou a abertura do processo de impeachment por
441 votos a 38. Houve uma abstenção e 23 ausências. No começo de
outubro, o processo chegou ao Senado, e Collor foi afastado
interinamente.
Collor renunciou à Presidência em 29 de dezembro de 1992, quando o
Senado julgava seu afastamento definitivo, e foi substituído pelo vice,
Itamar Franco (PRN), que governou o Brasil até 1994.
Para a disputa de 2014, o senador conseguiu, 22 anos depois, unir a
família e conta com apoio do sobrinho, Fernando Lyra Collor, filho de
Pedro Collor e Thereza Lyra.
UOL
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