‘Chicó’
existiu e morou em Taperoá, no Cariri paraibano. O relato sobre o
personagem icônico de Ariano Suassuna em O Auto da Compadecida é de
Manoel Dantas Vilar, 77 anos, primo do escritor que morreu na
quarta-feira (23).
‘Seu Manoelito’
explicou que, à semelhança do personagem, famoso por contar histórias
fantásticas que oscilavam entre o real e o imaginário, o falecido Chicó
original era conhecido na cidade pelo mesmo apelido e costume de
imaginar e relatar causos heróicos.
Ao contrário do
mentiroso e vadio que na obra de Ariano se satisfazia com o mero prazer
de protagonizar suas histórias fictícias, Manoel Dantas explicou que
‘João Grilo’ foi uma adaptação literária do personagem que permeava a
cultura popular de cordel, originalmente concebido em contos medievais,
adaptados às narrativas que ambientavam o matuto na seca nordestina.
“João Grilo é um
personagem clássico da literatura, que sobrevivia graças à sua astúcia,
de onde Ariano se inspirou para recriar os atos de seu próprio João
Grilo no Auto da Compadecida”, diz o primo do escritor.
Também
protagonista da obra mais conhecida do literato paraibano, Chicó era “um
doido que morava na cidade”, segundo Manoel Dantas. “Até o nome era
igual. Tinha dois doidos emTaperoá, na época, eram ‘Ventania’ e ‘Chicó’.
Dos personagens de Ariano, Chicó realmente existiu. No Auto da
Compadecida, tem muita conversa lá na boca do Chicó [personagem] que
eram ‘verdades’ contadas pelo Chicó de Taperoá”, confirmou Seu
Manoelito.
“Chicó existia e
morava em Taperoá. Morava lá para o lado do [sítio] Chã da Mata, no fim
da ‘rua grande’. Ariano teve contato com ele por algum tempo. Ariano
ainda viveu em Taperoá até 1942, depois foi para Pernambuco”, disse.
Sobre a
convivência com o primo escritor, dramaturgo e poeta, o engenheiro e
fazendeiro Manoel Dantas conta que mesmo a diferença de uma década de
idade não afastou o convívio de ambos. “Aquela casa ali embaixo é dele”,
disse Manoel, apontando para uma das construções existentes na fazenda
Carnaúba dos Dantas, zona rural de Taperoá.
“Ele passava aqui
sistematicamente nos meses de julho, janeiro e fevereiro. Depois os
filhos cresceram e ele veio menos. Ariano comprou também um sítio aqui
perto e batizou de ‘Malhada do Gato’. Isso porque o pai dele possuía
antigamente uma terra que se chamava ‘Malhada da Onça’, mas ele disse
que a terra dele era tão pequena que não caberia uma onça, só um gato”,
afirmou.
Tem muita conversá lá na boca do Chicó [personagem] que eram ‘verdades’ contadas pelo Chicó de Taperoá”.
Fonte: G1
Na foto Manoel Dantas posa ao lado do candidato a deputado estadual, Anchieta Patriota/ foto:Aryel Aquino.
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