A HISTÓRIA SOBRE DUAS RODAS: TUDO COMEÇOU EM 1869
Cartaz de propaganda anunciando os vencedores do 1º Campeonato de Turismo no Brasil, em 1919
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A motocicleta foi inventada simultaneamente por um americano e um francês,
sem se conhecerem e pesquisando em seus países de origem. Sylvester Roper
nos Estados Unidos e Louis Perreaux, do outro lado do atlântico, fabricaram
um tipo de bicicleta equipada com motor a vapor em 1869. Nessa época os navios
e locomotivas movidas a vapor já eram comuns, tanto na Europa como nos EUA,
e na França e na Inglaterra os ônibus a vapor já estavam circulando normalmente.
As experiências para se adaptar um motor a vapor em veículos leves foram se
sucedendo, e mesmo com o advento do motor a gasolina, continuou até 1920,
quando foram abandonadas definitivamente.
O inventor da motocicleta com motor de combustão interna foi o alemão Gottlieb
Daimler, que, ajudado por Wilhelm Maybach, em 1885, instalou um motor a gasolina
de um cilindro, leve e rápido, numa bicicleta de madeira adaptada, com o objetivo
de testar a praticidade do novo propulsor. A glória de ser o primeiro piloto
de uma moto acionada por um motor (combustão interna) foi de Paul Daimler,
um garoto de 16 anos filho de Gottlieb.
O curioso nessa história é que Daimler, um dos pais do automóvel, não teve
a menor intenção de fabricar veículos motorizados sobre duas rodas. O fato
é que, depois dessa máquina pioneira, nunca mais ele construiu outra, dedicando-se
exclusivamente ao automóvel.
Onde colocar o motor?
O motor de combustão interna possibilitou a fabricação de motocicletas em
escala industrial, mas o motor de Daimler e Maybach, que funcionava pelo ciclo
Otto e tinha quatro tempos, dividia a preferência com os motores de dois tempos,
que eram menores, mais leves e mais baratos. No entanto, o problema maior
dos fabricantes de ciclomotores - veículos intermediários entre a bicicleta
e a motocicleta - era onde instalar o propulsor: se atrás do selim ou na frente
do guidão, dentro ou sob o quadro da bicicleta, no cubo da roda dianteira
ou da traseira? Como de início não houve um consenso, todas essas alternativas
foram adotadas e ainda existem exemplares de vários modelos. Só no início
do século XX os fabricantes chegaram a um consenso sobre o melhor local para
se instalar o motor, ou seja, a parte interna do triângulo formado pelo quadro,
norma seguida até os dias atuais.
Ciclomotor de 48cm3: primeiro modelo criado pela Honda, em 1948
A primeira fábrica
A primeira fábrica de motocicletas surgiu em 1894, na Alemanha, e se chamava
Hildebrandt & Wolfmüller. No ano seguinte construíram a fábrica Stern
e em 1896 apareceram a Bougery, na França, e a Excelsior, na Inglaterra. No
início do século XX já existiam cerca de 43 fábricas espalhadas pela Europa.
Muitas indústrias pequenas surgiram desde então e, já em 1910, existiam 394
empresas do ramo no mundo, 208 delas na Inglaterra. A maioria fechou por não
resistir à concorrência. Nos Estados Unidos as primeiras fábricas - Columbia,
Orient e Minneapolis - surgiram em 1900, chegando a 20 empresas em 1910.
Tamanha era a concorrência que fabricantes do mundo inteiro começaram a introduzir
inovações e aperfeiçoamentos, cada um deles tentando ser mais original. Estavam
disponíveis motores de um a cinco cilindros, de dois a quatro tempos. As suspensões
foram aperfeiçoadas para oferecer maior conforto e segurança. A fábrica alemã
NSU já oferecia, em 1914, a suspensão traseira do tipo monochoque (usado até
hoje). A Minneapollis inventou um sistema de suspensão dianteira que se generalizou
na década de 50 e continua sendo usada, hoje mais aperfeiçoada. Mas a moto
mais confortável existente em 1914 e durante toda a década era a Indian de
998cm3 que possuía braços oscilantes na suspensão traseira e partida elétrica,
um requinte que só foi adotado pelas outras marcas recentemente.
Em 1923 a motocicleta inglesa Douglas já utilizava os freios a disco em provas
de velocidade. Porém, foi nos motores que se observou a maior evolução, a
tecnologia alcançando níveis jamais imaginados. Apenas como comparação, seriam
necessários mais de 260 motores iguais ao da primeira motocicleta para se
obter uma potência equivalente a uma moto moderna de mil cilindradas. Após
a Segunda Grande Guerra, observou-se a invasão progressiva das máquina japonesas
no mercado mundial. Fabricando motos com alta tecnologia, design moderno,
motor potente e leve, confortáveis e baratas, o Japão causou o fechamento
de fábricas no mundo inteiro. Nos EUA só restou a tradicional Harley-Davidson.
Mas hoje o mercado está equilibrado e com espaço para todo mundo.
A Motocicleta no Brasil
A história da motocicleta no Brasil começa no início do século passado com
a importação de muitas motos européias e algumas de fabricação americana,
juntamente com veículos similares como sidecars e triciclos com motores. No
final da década de 10 já existiam cerca de 19 marcas rodando no país, entre
elas as americanas Indian e Harley-Davidson, a belga FN de 4 cilindros, a
inglesa Henderson e a alemã NSU. A grande diversidade de modelos de motos
provocou o aparecimento de diversos clubes e de competições, como o raid do
Rio de Janeiro a São Paulo, numa época em que não existia nem a antiga estrada
Rio-São Paulo.
No final da década de 30 começaram a chegar ao Brasil as máquinas japonesas,
a primeira da marca Asahi. Durante a guerra as importações de motos foram
suspensas, mas retornaram com força após o final do conflito. Chegaram NSU,
BMW, Zündapp (alemãs), Triumph, Norton, Vincent, Royal-Enfield, Matchless
(inglesas), Indian e Harley-Davidson (americanas), Guzzi (italiana), Jawa
(tcheca), entre outras.
A primeira motocicleta fabricada no Brasil foi a Monark (ainda com motor
inglês BSA de 125cm3), em 1951. Depois a fábrica lançou três modelos maiores
com propulsores CZ e Jawa, da Tchecoslováquia e um ciclomotor (Monareta) equipado
com motor NSU alemão. Nesta mesma década apareceram em São Paulo as motonetas
Lambreta, Saci e Moskito e no Rio de Janeiro começaram a fabricar a Iso, que
vinha com um motor italiano de 150cm3, a Vespa e o Gulliver, um ciclomotor.
O crescimento da indústria automobilística no Brasil, juntamente com a facilidade
de compra dos carros, a partir da década de 60, praticamente paralisou a indústria
de motocicletas. Somente na década de 70 o motociclismo ressurgiu com força,
verificando-se a importação de motos japonesas (Honda,Yamaha, Susuki) e italianas.
Surgiram também as brasileiras FBM e a AVL. No final dos anos 70, início dos
80, surgiram várias montadoras, como a Honda, Yamaha, Piaggio, Brumana, Motovi
(nome usado pela Harley-Davidson na fábrica do Brasil), Alpina, etc. Nos anos
80 observou-se outra retração no mercado de motocicletas, quando várias montadoras
fecharam as portas. Foi quando apareceu a maior motocicleta do mundo, a Amazonas,
que tinha motor Volkswagen de 1600cm3. Atualmente a Honda e a Yamaha dominam
o mercado brasileiro, mas aí já deixou de ser história.
Neckarsülm alemã de 1906, a motocicleta mais antiga na exposição do Museu Histórico Nacional
Fonte: www.viagemdemoto.com.br
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