Virou polêmica o anúncio no qual Roberto Carlos, suposto vegetariano,
se converte a um belo naco de carne vermelha, com a etiqueta Friboi.
Até o cineasta Fernando Meirelles, vegan radical – e não por acaso
eleitor da chatinha Marina Silva –, denuncia: o cara nem cortou o bife;
comer, então, nem pensar.
Fernando Meirelles diz que falou com a turma que fez o comercial e
que eles atestam que o Rei, ali, não deu a menor dica de que tenha mesmo
deixado de ser o vegetariano que alardeava ser.
(Isso é uma besteira do talentoso Meirelles; nunca vi em comerciais,
em produções de moda, em editoriais de revista, ninguém fazer uso do que
anuncia. Publicidade é de mentirinha e Meirelles sabe disso).
Argumento que aceito é outro: que Roberto Carlos, faça o que fizer,
diga o que disser, nunca vai passar a convicção de estar sendo sincero.
Carisma, ele tem. Prestígio, claro que sim. Mas credibilidade, sei lá
(deixo isso por conta do meu amigo Luís Lara, da Lew Lara, que é um
craque e deve ter pesado muito antes de fazer o casting do bife).
Mas vamos aos números: Roberto Carlos não ganhou cachê pelo anúncio,
como ganha, por exemplo, o Tony Ramos. A Friboi, via Lew Lara, acertou
com ele um milionário projeto de promoção da marca. Valor: 240 milhões
de reais.
Essa dinheirama inclui shows do Rei em 20 países que já são consumidores, ou podem ser, da marca Friboi.
Roberto Carlos empresta sua mística de Rei – e coloca à disposição
todo seu repertório, muito além daquele “Eu Voltei...” – para promover a
Friboi pelo mundo afora.
Façam aí as contas: vejam quanto custaria montar a logística de toda
essa turnê, banda, tíquetes, hospedagem, produção, e calculem quanto
pode chegar, limpinho, sem osso, nos bolsos do Rei. 30 milhões? 40? 50?
Heródoto Barbeiro me perguntou, no Jornal da Record News da sexta:
Mas por que não o outro Rei, o Pelé? Eu não soube responder. Pelé,
infelizmente, é um desastre de marketing.
De minha parte, pensando nessa história de que o acervo musical de
Roberto vai estar todo a serviço da Friboi, só fico torcendo que acabe
sobrando também para o Erasmo Carlos, parceiro de fé, um pedacinho do
filé
R7
R7
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