Na véspera do feriado, saiba como evitar ou diminuir os efeitos da ressaca
Com medidas simples, é possível ingerir álcool de forma inteligente e acordar bem no dia seguinte; se o estrago já está feito, hidratação e alimentação ajudam a amenizar o mal estar
Com o copo na mão
durante uma festa ou em uma mesa de bar, pouca gente pensa nos efeitos
que cada gole de bebida alcoólica poderá ter no cérebro e no organismo.
Para quem bebe sem preocupação nenhuma, a lembrança vem, à força, ao
acordar com dor de cabeça, boca seca e um mal estar generalizado no dia
seguinte. É a ressaca, aquela que ninguém quer ter e todo mundo sempre
promete que “na próxima vez não será assim”.
Essa sensação é uma
espécie de bilhete de despedida que o álcool deixa para as pessoas não
esquecerem que consumi-lo em excesso é prejudicial à saúde. “A ressaca é
um conjunto de sintomas e sinais que só aparece depois que o álcool já
saiu do organismo. As bebidas causam alterações sanguíneas e hormonais
que afetam a hidratação e o sistema nervoso”, afirma o
gastroenterologista Ricardo Barbuti, médico-assistente do Hospital das
Clínicas de São Paulo e membro da Federação Brasileira de
Gastroenterologia.
Barbuti esclarece que a sensação de boca seca
da ressaca é consequência da diminuição da vasopressina (também
conhecida como hormônio antidiurético) causada pelo álcool, o que faz
com que a pessoa urine mais e fique com todo o organismo ressecado. As
típicas dores de cabeça e náuseas manifestam-se porque bebidas
alcoólicas são vasodilatadoras, e o cérebro reage localmente aos vasos
sanguíneos dilatados, além de deixar os reflexos mais lentos e a
concentração mais baixa. “Portanto, é melhor não dirigir quando a
ressaca for forte demais. Mesmo sem álcool no organismo, ele não está
100% para pegar o volante”, diz o médico.
Leia mais: A ressaca dentro do corpo
Hidratação e boa alimentação para amenizar o estrago
Mas
quando a ressaca já está instalada, o que interessa é saber como
diminuir essas sensações ruins. A nutricionista e bióloga Adeilda de
Morais, especializada em educação nutricional, explica que “o mais
importante é repor os líquidos perdidos, para assim recuperar os sais
minerais, vitaminas, cálcio, potássio e magnésio que se foram com a
urina excessiva”.
Para tanto, ela recomenda a ingestão de água
pura, água de coco e sucos naturais. Estes últimos podem ser de qualquer
sabor, mas o de tomate é especialmente bom para a ressaca por ser muito
rico em vitaminas e potássio.
Isso já começa a devolver a energia
para o corpo. Nesse sentido, o mel é um alimento energético indicado
por Adeilda, pois tem açúcar natural (frutose) que é absorvido
rapidamente pelo organismo.
A dor de cabeça pode ser aplacada sem
medicamentos. Resista à tentação de tomar alguma cápsula à base de ácido
acetilsalicílico: “Ele elimina a dor de cabeça, mas tem efeitos
colaterais como o agravamento de doenças renais, úlcera, gastrite e
refluxo”, ressalta Barbuti. Adeilda sugere um filé de atum (suas enzimas
ajudam a minimizar aquela sensação latejante) e alecrim (que melhora a
circulação sanguínea no cérebro e alivia a pressão sentida por ele).
Gengibre,
hortelã e leite são os melhores ingredientes para acalmar o estômago e
aliviar as náuseas. Uma dica da nutricionista é colocar os dois
primeiros em um suco e tomar separadamente um copo de leite desnatado.
O
mau humor não é obrigatório na ressaca, mas não é raro ficar em clima
de poucos amigos quando se sente dor de cabeça, náusea e boca seca,
concorda? Para dar uma levantada no ânimo, a melhor pedida é comer uma
simples banana. Além de ser fonte de potássio, ela é riquíssima em
vitamina B6, que age na serotonina, um neurotransmissor que melhora o
humor e ajuda a diminuir dores do corpo.
Se for inevitável fazer
algum exercício físico, é bom pegar leve. Na ressaca, o organismo está
desidratado e debilitado de muitos nutrientes, como mencionado
anteriormente, e o excesso de transpiração pode piorar a situação. Uma
caminhada ou uma pedalada leve é mais que suficiente para esse dia
atípico.
“Na próxima vez não será assim”
Cumprir
a promessa de nunca mais ter ressaca não é tão difícil. O principal
truque é intercalar uma dose de bebida alcoólica com um copo d’água
(para combater a desidratação) ou de bebida isotônica (rica em
minerais). “É bom porque também ajuda a beber menos. O álcool é
extremamente nocivo à saúde, então quanto menos, melhor”, destaca
Adeilda.
A velha lição popular de tomar uma colher de azeite de
oliva antes de beber é real. Segundo a nutricionista, ele diminui o
ritmo de absorção do álcool. Mas evite as frituras enquanto bebe, pois o
excesso de óleo ataca o fígado, que já fica sobrecarregado quando
precisa metabolizar as bebidas alcoólicas.
Em termos de
alimentação para evitar ressaca, o ideal é fazer um lanche leve antes de
beber e “beliscar” alguma coisinha ao longo do período em que o copo
estiver cheio. Frutas oleaginosas (amendoins, castanhas, amêndoas, nozes
etc.), ricas em vitamina E e proteínas, e picles, que contém vitamina
A, cálcio, ferro e potássio, são os petiscos mais recomendados.
Por
fim, Barbuti aconselha que se dê preferência às bebidas destiladas
(como a vodca), não às fermentadas (cerveja e vinho, por exemplo),
porque as últimas “têm elementos metabólicos que agravam todos os sinais
e sintomas da ressaca”.
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