Deputados gastam quase R$ 8 milhões em postos de gasolina
O deputado Ângelo Agnolin (PDT-TO), por exemplo, traz na descrição da
nota apresentada em março o consumo de 1 521 litros de gasolina, o que
seria suficiente para fazer um carro médio rodar pelo menos 15 000
quilômetros. Já o deputado Davi Alcolumbre (DEM-AP) gasta toda sua cota
no posto Salomão Alcolumbre & Cia. LTDA, em Macapá. O sobrenome não é
coincidência. Salomão, ex-suplente de José Sarney e falecido em 2011,
era tio do parlamentar. O posto continua sendo administrado pela
família.
Em todas as notas de Davi Alcolumbre os valores discriminados pagos
pelos produtos sofreram pequenos arredondamentos para que o valor final
fosse exatamente o máximo que a Câmara permite para reembolso. Na nota
fiscal de março, por exemplo, apesar da soma dos produtos consumidos
totalizar 4 501,70 reais, consta no valor final o montante de 4 500
reais. Se o documento tivesse o valor correto, Alcolumbre teria de
completar 1,70 real do próprio bolso.
Nas notas apresentadas pelo deputado Manoel Salviano (PSD-CE), o
"desconto" é mais claro. Consta no documento de janeiro, por exemplo,
"valor dos produtos: 4 510,45 reais" e, logo abaixo, o "valor total da
nota: 4 500 reais". O dono do posto em que Salviano abastece todos os
meses consta nos registros do Tribunal Superior Eleitoral como
financiador da campanha do parlamentar.
Em 2010, Marciano Teles Duarte doou 10 000 reais ao candidato. O mesmo
registro aparece nas contas do presidente da Câmara, Henrique Eduardo
Alves (PMDB-RN), e do deputado Biffi (PT-MS). O posto em que Alves
gastou quase 17 000 reais apenas no primeiro semestre também doou 10 000
reais para a sua campanha eleitoral. Biffi, por sua vez, gastou 21 500
reais de janeiro a junho no mesmo estabelecimento que doou 1 330 reais
para sua campanha em 2010.
O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB/RR) apresentou em junho uma nota
fiscal no valor de 22 500 reais com a justificativa de que eram
"despesas com combustíveis para atender demanda do escritório político
em Boa Vista". No posto onde a nota foi emitida, o litro da gasolina
custa 3,03 reais. Com o valor da nota, é possível comprar quase 7 500
litros do combustível, o suficiente para abastecer 185 carros médios.
Neste ano, Mozarildo apresentou outras seis notas emitidas pelo mesmo
posto, que variam de 2 000 a 3 500 reais. Somados, todos os documentos
pagos pelo Senado alcançam um montante de 39 000 reais gastos apenas com
combustível. A equipe de gabinete do senador não detalhou o consumo,
mas informou que todos os gastos são previstos nas regras do Senado.
Veja com Estadão
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