Pirâmides: Multiclick tem contas e cadastros bloqueados pela Justiça
Empresa é a 5ª a ser congelada em 2013, e está impedida de mandar ou receber dinheiro do exterior; autoridades de Venezuela, União Europeia e Estados Unidos foram comunicadas
O Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) obteve na Justiça o congelamento de bens da Multiclick Brasil
e de todos os seus sócios. A empresa também está proibida de cadastrar
novos integrantes, por suspeita de ser uma pirâmide financeira
que atraiu 300 mil pessoas. Outros quatro negócios já foram paralisados neste ano pela mesma razão.
A Multiclick e seus sócios também estão
impedidos de receber ou enviar dinheiro para o exterior. Segundo o
MP-AC, as autoridades de Estados Unidos, Venezuela e União Europeia
foram comunicados sobre as atividades da empresa nesses locais.
A Multiclick foi a empresa para a qual o ator Sandro Rocha migrou
após a Justiça do Acre congelar as atividades da Telexfree
, também suspeita de pirâmide.
O modelo de negócios da Multiclick prometia lucros de R$
160 a R$ 800 por mês em troca de investimentos iniciais de R$ 600 e R$
2.750. O faturamento viria da venda de produtos por meio de
marketing multinível
– um sistema de varejo legal baseado em representantes autônomos – e a colocação de anúncios na internet.
Para o MP-SC, entretanto, a renda anunciada pela empresa
decorria “quase que exclusivamente” das taxas de adesão pagas pelos
associados. Assim, quem entrava antes era remunerado pelos pagamentos
feitos por quem entrou depois, no modelo típico de pirâmide financeira, o
que é crime no Brasil.
No início do mês, bens da Multiclick já haviam sido apreendidos pela Polícia Civil de Balneário Camboriú
, em decorrência de uma investigação sobre lavagem de dinheiro e
estelionato. A nova decisão, entretanto, bloqueia todas as contas e
outros tipos de ativos da empresa e de seus sete sócios, e também os
impede de remeter valores para o exterior.
O MP-SC informou que o bloqueio visa a garantir
o ressarcimento de quem investiu no negócio, como ocorre em outros
casos de suspeita de pirâmide. O advogado da Multiclick não estava
disponível imediatamente para comentar a decisão.‘Tranquilamente’
Em julho passado, após três outras empresas que
se apresentam como praticantes de marketing multinível terem as
atividades bloqueadas por suspeita de pirâmide, a Multiclick chegou a
pedir à Justiça que a livrasse de um eventual congelamento. Os pedidos
não foram atendidos.
Mesmo sem obter essas garantias, e ainda alvo de
investigações, o presidente da Multiclick, Wagner Alves, afirmou num
vídeo divulgado em julho que “a Justiça decidiu que a Multiclick Brasil é
uma empresa legal e deve continuar as suas atividades normalmente,
tranquilamente”.
Desde junho, ao menos cinco negócios foram bloqueados sob acusação de serem pirâmides financeiras: Telexfree
, BBom
, Priples
, Blackdever
e, agora, Multiclick. Nenhuma delas foi condenada ou absolvida definitivamente.
Uma força-tarefa formada de promotores de
Justiça e procuradores da República investiga cerca de 80 negócios
considerados suspeitos, segundo o Ministério Público Federal de Goiás
(MPF-GO).
Os representantes da Telexfree e da BBom – que teve as atividades parcialmente liberadas em novembro
– sempre negaram irregularidades, assim como o advogado da Blackdever. O advogado da Priples não foi localizado.
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