Técnica realizada em dupla é utilizada pelos adeptos do movimento “slow-sex” e pode ser feita em casa
- iG São Paulo
A prática da meditação orgástica: momento de conexão |
Nada de mantras ou exercícios respiratórios. A meditação orgástica tem o prazer feminino como seu fio condutor. Para atingir o estado meditativo, o praticante precisa entrar no clima. Cria-se um cenário para a prática, que envolve sempre duas pessoas e um ponto de conexão entre elas: o clitóris. Como nem sempre têm relacionamento afetivo, os pares se tratam como parceiros de vivência.
Quem conduz a meditação, devidamente vestido e com
luvas e lubrificantes a postos, acomoda a mulher confortavelmente sobre
almofadas, de pernas abertas. Durante 15 minutos, ela terá a região
clitoriana acariciada (mais precisamente, no quadrante superior esquerdo
da vagina). Sem qualquer troca de olhares, bem ao estilo budista.
Nuas
da cintura para baixo, elas se entregam com o único objetivo de curtir o
momento. Isso significa sentir o toque sensual, e claro, atingir o
orgasmo. “Deixamos o orgasmo nos dizer o que quer em vez do contrário”,
disse ao Delas Eli Bloch, professor e co-diretor do One Taste Urban
Retreat Center, centro fundado em 2001 por Nicole Daodone.
O
centro fica em San Francisco, coração da revolução sexual dos anos
1960, nos Estados Unidos, e funciona como uma comunidade. Lá moram cerca
de 40 discípulos de Nicole, líder do movimento “slow-sex”, ou sexo
lento, e considerada uma “guru sexual”. Também acontecem aulas e
workshops para formar instrutores ao redor do mundo. No Brasil, no
entanto, a técnica ainda não é explorada.
A prática de OM
(orgastic meditation, em inglês, e também conhecida como Oming) ajuda a
sensibilizar os órgãos genitais da mulher, sem pressioná-la para chegar
ao clímax (sim, orgasmo e clímax são coisas diferentes). “Nós achamos
que só quando se remove o objetivo de chegar lá é que as mulheres
realmente tornam-se íntimas de seus corpos e com o jeito que eles
realmente funcionam”, diz Eli.
Antes de começar, o acariciador
descreve o tamanho, a cor e a textura da genitália, chamada durante a
prática de “pussy”, termo em inglês que não se traduz exatamente como a
denominação anatômica oficial. A escolha pelo termo não é à toa. “A
linguagem do sexo nos ajuda a aceitar cada vez mais essa parte de nós
mesmos. Além disso, falar vagina não é preciso, pois só se refere ao
canal vaginal e deixa de fora peças importantes como o clitóris”, Block
explica. Ao fim, os dois participantes trocam suas experiências e se
abraçam. Na próxima aula, podem voltar a fazer a parceria, ou não.
O homem também sente
prazer, mesmo não sendo tocado. “São sensações diferentes de tudo que
vivi antes de praticar OM”, comenta Eli, que cita um estudo realizado
pela Universidade de Rutgers, nos Estados Unidos, que comprova a
eficácia para ambas as partes.
“A meditação orgástica ensina
homens e mulheres a se render e abrir a sensação entre eles”, salienta
Block, que garante: o propósito para os dois participantes não é
propriamente o sexo. Tem a ver com a conexão humana. “Hormonal, mental e
espiritual”, como define a criadora Nicole em seu site.
Os
benefícios vêm de dentro da para fora. Ao professor, praticantes relatam
o aumento de vitalidade, de energia, prazer durante a relação sexual
prolongada e maior sensibilidade e consciência do mundo que nos rodeia.
Segundo ele, mesmo mulheres diagnosticadas anorgásticas têm conseguido
chegar lá com a técnica. “O que você pode sentir irá levá-lo mais longe
do que uma fórmula”, ele define como mensagem central da meditação.
Ao
entrar no centro, que oferece ensinamentos de rabinos e monges
tibetanos, assim como aulas e cursos sobre “sexualidade consciente”, os
praticantes devem deixar a vergonha de lado. Os homens são convidados a
liberar seus sentimentos, e as mulheres, sua sexualidade.
Nesta
hora elas não precisam de romance, flerte ou amor. Só precisam de
carícias localizadas para se libertarem das tensões e pensamentos que
reprimam o orgasmo. Block encerra a entrevista comparando o corpo da
mulher a um instrumento musical: “Quando bem tocado, as possibilidades
são infinitas”.
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