Aécio entra em cena e veta palanques duplos que podem dar força a Campos; determinação pode afastar Cássio e RC
Provável candidato do PSDB à Presidência da República disse a deputados que não quer governadores tucanos ao lado do PSB
Pressionado pelo cenário da sucessão presidencial, o senador
Aécio Neves (MG), provável candidato do PSDB ao Planalto em 2014, reuniu
nesta quarta-feira a bancada do partido na Câmara dos Deputados, em Brasília,
e afirmou não concordar que governadores e candidatos tucanos façam
campanha ao lado de apoiadores do governador de Pernambuco, Eduardo
Campos (PSB), em eventuais palanques duplos.
Na Paraíba, a determinação pode acabar afastando o senador Cássio Cunha Lima (PSDB), que é o coordenador da
campanha de Aécio no Estado, da aliança com o governador Ricardo
Coutinho (PSB), que competirá à reeleição e espera manter a dobradinha
vitoriosa de 2010 também em 2014.
O tucano discutiu com correligionários uma estratégia de
discurso que apresente o PSDB como a real alternativa ao PT nas eleições
de 2014, tentando neutralizar o espaço ocupado pela aliança entre
Eduardo Campos e a ex-ministra Marina Silva.
Na semana em que o nome de Campos ganhou superexposição por
causa da filiação de Marina ao PSB e o apoio da ex-ministra à eventual
candidatura do pernambucano, Aécio estava em Nova York, nos Estados
Unidos. O tucano fez uma palestra a convite do banco Pactual
e também estava em lua de mel. Ao lado de Marina, Campos viu seu nome
crescer quase dez pontos porcentuais em pesquisa Datafolha. O
pernambucano alcançou 15% das intenções de votos; Aécio tem 21%.
O encontro reservado desta quarta, um almoço de mais de duas
horas, reuniu 44 dos 46 deputados federais tucanos. Aécio disse que para
o PSDB aparecer como alternativa ao PT é preciso apresentar propostas
de um novo modelo de política econômica que resulte em mais crescimento.
Além disso, os tucanos teriam de citar mais as experiências que tiveram
no governo federal, estados e prefeituras. “O PSDB é quem reúne as melhores condições, os melhores quadros e a ousadia para dar um rumo novo ao Brasil”, afirmou Aécio.
Segundo relato dos parlamentares, Aécio observou que o
cenário eleitoral caminha para uma disputa em dois turnos e que é
preciso ter regras claras nos palanques duplos em negociação com o PSB
para que governadores e candidatos tucanos não façam campanha para
Campos. “Essa questão precisa ser colocada com maior clareza. Os acordos
vão seguir a lógica regional, mas os candidatos do PSDB apoiarão a
candidatura nacional do PSDB”, disse Aécio, segundo parlamentares.
Aécio foi claro: disse que não gostaria de ver um governador
do partido num comício de Campos. Na visão dele, somente políticos do
PSB receberiam o governador de Pernambuco. O tema provocou debate. Entre
as possibilidades de chapas conjuntas, estão os dois maiores colégios
eleitorais do país: São Paulo e Minas Gerais. O PSDB de São Paulo e o
Palácio dos Bandeirantes evitam tratar desse tema abertamente para não
melindrar o senador mineiro, mas não escondem que a prioridade total é
incluir a legenda de Campos no arco de alianças do governador paulista.
“As realidades regionais nem sempre são alinhadas com o
quadro nacional. Como não há verticalização, não há obrigatoriedade de
alinhamento”, reconhece o deputado Marcus Pestana, presidente do PSDB
mineiro e aliado de Aécio.
Apesar do duelo com Campos, Aécio quer evitar ataques
direitos ao governador de Pernambuco. Instado por deputados a atacar o
discurso do “novo” da aliança Campos-Marina, recomendou serenidade,
lembrando que precisará de apoio em eventual segundo turno.
“O relevante nesta pesquisa [Datafolha] é que mais de 60% da
população não quer votar na atual presidente. Estou convencido de que o
candidato que for para o segundo turno vencerá as eleições (…) Quem tem
as maiores condições é o PSDB”, disse Aécio a jornalistas, após a
reunião. Também em entrevista, ele observou que as críticas de Marina e
Eduardo à política econômica do PT são as mesmas feitas pelos tucanos,
que defendem o legado de FHC.
PB Agora com VEJA
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