Polícia ouve testemunhas e investiga vídeo sexual no WhatsApp
180 graus
A
Polícia Civil começou a ouvir testemunhas sobre o caso da jovem de 19
anos que teve vídeos íntimos divulgados em um aplicativo de celular e
virou meme [termo usado para frases, imagens e vídeos que se disseminam
na internet de forma viral].
A
delegada responsável pelas investigações, Ana Elisa Gomes Martins,
disse que já colheu o depoimento de quatro pessoas e pretende ouvir a
garota novamente para sanar "algumas dúvidas". O suspeito de divulgar os
vídeos é um jovem de 22 anos com quem ela teria um relacionamento
extraconjugal.
Ana
Elisa, no entanto, preferiu não divulgar o nome das testemunhas. Disse
apenas que são pessoas que conhecem o casal. "Como se trata de um caso
de difamação, preferimos preservar a privacidade das pessoas", afirmou. A
delegada não quis divulgar o conteúdo dos depoimentos "para não
atrapalhar as investigações".
O
jovem suspeito de ter divulgado as imagens deve ser intimado esta
semana, segundo a delegada. No entanto, ela não divulgou a data do
depoimento. O rapaz apontado como suspeito pela vítima negou ser o autor
dos vídeos e da divulgação.
Na
quarta-feira (9), o advogado do rapaz, Hugo Bastos, esteve na Delegacia
Especializada em Atendimento à Mulher (Deam) para tomar conhecimento
sobre o inquérito. Ele disse que só vai se pronunciar após se interar
das denúncias.
Os
vídeos onde a jovem aparece fazendo sinal de 'OK' durante ato sexual
começaram a circular em um aplicativo de celular no fim da semana
passada e virou meme nas redes sociais. O símbolo, inicialmente, virou
piada nas redes, com montagens de políticos e celebridades fazendo o
sinal. Na sexta-feira (4), ela registrou uma ocorrência na Deam.
A
garota teve a identidade, o local de trabalho e até imagens de
familiares divulgados na internet. “Ela está muito abatida, em estado
depressivo. No início da divulgação fizeram um print da página dela no
Facebook em que ela aparece com a filha e está muito triste porque a
criança também foi exposta”, diz a delegada.
De
acordo com a delegada, o crime é caracterizado como difamação com base
na Lei Maria da Penha porque existiu uma relação de afeto entre vítima e
autor. Se for condenado, o suspeito pode pegar pena de 3 meses a 1 ano.
No
entanto, após a repercussão do caso, internautas manifestaram apoio à
garota difamada. Imagens de pessoas, sozinhas ou em grupos, fazendo o
mesmo sinal de 'OK', com a palavra "força" ganharam as redes sociais.
A
polêmica também levantou o debate sobre a necessidade de tornar mais
rígidas as leis de crimes cibernéticos. Vice-presidente da Comissão de
Direito Digital da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO),
o advogado Rafael Maciel defende a criação de uma delegacia
especializada na investigação de crimes cometidos em ambiente digital.
No
ano passado, após fotos íntimas da atriz Carolina Dieckmann vazarem na
internet, uma lei foi criada no país com o nome da artista. Mas o
especialista explica que a lei não protege casos em que não há invasão
de computadores. Para o advogado, a legislação não acompanhou as
mudanças da sociedade.
“A
maior parte das interações humanas são hoje realizadas em ambientes
digitais e o ordenamento jurídico deve proteger os cidadãos de crimes e
da propagação de conteúdos difamatórios e caluniosos. Esse tipo de
conduta trazem transtornos sérios às vítimas”, argumenta Rafael Maciel.
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