Tião Lucena faz, em seu blog, uma justa homenagem a Pedro Fogueteiro no dia do seu falecimento
São Pedro Fogueteiro!
Pedro Fogueteiro não era apenas um mero personagem do cotidiano de
uma cidade. Ele era a própria imagem de Princesa, terra do seu
nascimento e a qual dedicou uma vida inteira. Homem simples, do povo,
lutou bravamente pelo seu espaço usando as armas que estavam ao seu
alcance, para no final marcar presença, se tornar visto, admirado,
respeitado e amado por todos os seus conterrâneos.
Nunca fez mal a uma mosca. Durante sua longa existência, colecionou amigos, multiplicou admiradores, ganhou fãs.
De simples fogueteiro transformou-se em artista, mágico da pólvora e do
fogo, substâncias que sabia juntar para transformar em cores e enfeitar
os céus.
Eu menino, os meninos do meu tempo, nos encantávamos com as rodas de
fogo, com os neguinhos pilando o fubá,com os fogos de lágrimas a
disputarem o espaço das estrelas nos céus noturnos do sertão, com os
pifeiros de Jericó entoando hinos no dia do seu aniversário e com
Carmélia Grossa chamando para si a responsabilidade pelo sucesso da
festa. Tudo isso nos ensinou a ver nele um Pedro imortal, festeiro,
eterno e com prazo de validade indefinido.
A sua festa cresceu tanto que invadiu uma rua inteira. O Cancão, o seu
Cancão, ficou pequeno para receber o forró que ali se instalava a cada
São Pedro, o Pedro do Céu dividindo espaço com o Pedro da Terra, cada um
mais brilhante do que o outro, sendo que o de cá brilhava mais porque
seu brilho saía das suas limitações, enquanto o outro se valia dos
poderes divinos para poder brilhar.
Pedro morreu esta madrugada. Seu corpo está sendo velado na casinha do
Cancão. Muita gente está indo dar o adeus ao nosso fogueteiro. Os fogos
de lágrimas sobem ao firmamento chorando agora de verdade. Eles estão
órfãos de pai. Princesa também está órfã, perdeu sua alegria.
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