CÓDIGO DE ÉTICA DO ESTUDANTE
I - Faze da tua crença em Deus e nos destinos sobrenaturais do Homem
a luz que te guiará no meio da confusão dos desorientados e
da corrupção dos costumes.
II - Toma o Brasil que herdaste dos teus maiores e transmite-o engrandecido
e mais belo à geração que te suceder.
III - Imita os heróis da tua Pátria, cultua as tradições
da tua gente, confia nas imensas possibilidades do teu povo, fala-lhe transmitindo-lhe
o fogo do teu ideal; e, falando ou escrevendo, estudando, ou agindo, crê
no futuro do Brasil.
IV - Sustenta o principio da Família e honra a teus pais. A Família,
primeiro grupo natural, é o próprio fundamento da Pátria
e o bom filho será forçosamente bom patriota e saberá
um dia constituir o seu lar com dignidade cristã e sentimento de responsabilidarle
histórica.
V - Sê honesto em tudo o que pensares, disseres ou fizeres. Reflete
antes de dares a tua palavra e, se a empenhares, cumpre-a, ainda que isso
te custe o maior sacrifício. Evita, pois, prometer o impossível
e considera desonroso prometer e não cumprir.
VI - És estudante e deves estudar; és moço e podes divertir-te;
lembra-te, entretanto, de que és também brasileiro e deves uma
parte do teu tempo aos interesses da tua Pátria.
VII - Honra o diploma que um dia conquistares, mas não o coloques
acima do teu saber.
VIII - Não permitas que o profissional elimine o Homem que vive em
ti.
IX - Nos exames e concursos, nas empresas que empreenderes e nas funções
que desempenhares, se não puderes ser o primeiro, procura aos menos
ser um dos primeiros.
X - Jamais coloques as conveniências da tua carreira política,
profissional ou social acima da tua trajetória moral e espiritual,
em que o vulgo talvez não te perceba, mas em que te elevarás
aos olhos de Deus, engrandecendo-te ainda perante a Posterioridade.
XI - Lembra-te sempre de que a verdadeira grandeza está na virtude
e não no êxito dos negócios ou da carreira, porque os
bens do mundo são inconstantes e podes perdê-los, ao passo que
os bens acumulados em ti mesmo à custa de aperfeiçoar-te no
saber e na dignidade, nenhuma força conseguirá destruí-los.
XII - Nunca julgues o valor dos homens pelo poder ou pelas honrarias que
desfrutam; julga-o, antes, pelo teor do caráter, que se revela na coerência
das atitudes, na humilde simplicidade ao colher o lucro da vitória
e na calma viril ao sofrer o peso da derrota.
XIII - A altitude de uma montanha só se avalia do alto de outra montanha;
eleva-te portanto, moralmente, e so assim poderás ter noção
exata da grandeza ou da mesquinhez dos homens do teu tempo.
XIV - Não te impressiones com a riqueza dos ricos e o brilho dos que
esplendem em altos postos; impressiona-te, sim, com a sabedoria dos sábios,
o heroísmo dos heróis e a santidade dos santos.
XV - Combate todas as normas ditas do direito, originadas pela imposição
da força; cultua a verdadeira justiça, que se funda na razão
e se inspira nos valores espirituais. Contribuirás, assim, pelo predominio
do moral sobre o material, para que reine a verdadeira paz entre as pessoas
e as nacionalidades.
XVI - Prefere a minoria esclarecida à maioria inconsciente e cega
pelas paixões e interesses transitórios.
XVII - Habitua-te a consultar o mais íntimo da tua consciência
, a fim de que te não iludas por alguma voz que te engana falando em
lugar dela, nas horas em que te deixas levar pelas paixões ou pelo
desejo de desempenhar um bonito papel cortejando a fácil popularidade.
XVIII - Não sejas como os ignaros, que se guiam pelos títulos
de jornais escandalosos e dão crédito, sem nenhum exame, ao
que está em letra de forma.
XIX - Ensina o povo a raciocinar; é esse o meio de o libertar dos
tiranos, dos aventureiros, e mistificadores.
XX - Evita a demagogia balofa, o palavreado sonoro e vazio, a literatura
banal, os tropos oratórios sem conteúdo; fala quando tiveres
o que dizer e dize-o com sinceridade, porque a força do discurso está
na convicção do orador.
XXI - Arranca a juventude da disponibilidade, da inércia, da indiferença
que a aviltam faze-te apostolo, dissemina entusiasmo, mobiliza os da tua idade
para a obra fascinante da construção nacional.
XXII - Estuda os problemas nacionais, tendo em vista que nâo , existem
problemas isolados, pois todos se conjugam e devem ser resolvidos em largo
plano de realizações.
XXIII - Entre um lugar no governo e um lugar honroso na História,
prefere este, do qual ninguém poderá remover-te nem demitir-te,
nem aposentar-te.
XXIV - Sê um homem de pensamento, mas um homem de ação.
0 pensamento para transformar-se em ação precisa, primeiro,
transformar-se em sentimento. Idéia que não é sentida
é idéia morta. A ação é forma objetiva
de idéias vivas, oriundas de realidades e criadoras de novas realidades.
Cultiva o ideal, mas sê realista.
XXV - Procura conhecer a fundo a profissão que abraçares; faze
dela um instrumento da tua cooperação na obra da felicidade
humana e da prosperidade da Pátria.
XXVI - Não abdiques nunca a tua personalidade, para vestir a libré
de áulico ou beijar as mãos que distribuem empregos ou bons
negócios em troca da alma dos beneficiados.
XXVII - Combate o burguês que está dentro de ti. A burguesia
não é uma classe, é um estado de espírito. É
o conformismo, o comodismo, o interesse vulgar, o prazer mesquinho, a incapacidade
de ideal, a demissão dos deveres, a submissão ao cotidiano,
o fatalismo inerme, a indiferença criminosa, o abandono a rotina, o
egoísmo cego a ostentação ridícula, a descrença
e a incapacidade de ação. Liberta-te desse mal do século;
será o primeiro passo para a libertação de tua Pátria
e da própria Humanidade, hoje oprimida pelos seus próprios vícios.
XXVIII - Não te consumas em elocubrações estéreis
e dúvidas doentias alimentadas por ti mesmo. Entre os negativos e os
dubitativos, sê afirmativo.
XXIX - Primeiro, convence-te; depois, convencerás aos outros.
XXX - Não te faças escravo do último livro que leres.
XXXI - Sê brasileiro; não é difícil; basta que
sejas o que és e não o que os estrangeiros e os esnobes, os
internacionais e os cosmopolitas querem que sejas.
XXXII - Pergunta diariamente à tua consciência: que fiz hoje
para enriquecer a minha inteligência, para aprimorar as minhas virtudes,
para beneficiar os meus semelhantes, para servir a minha Pátria e para
agradar a Deus?
XXXIII - Estuda a História do Brasil, não como um espectador
, mas sim como um participante dos acontecimentos por ela revelados; no momento
em que a estudas, constituem uma continuidade da narrativa heróica:
és a derradeira palavra do Passado e a primeira palavra do
XXXIV - Aprimora-te na arte de bem falar e bem escrever a tua língua;
um povo que perde a tradição da palavra, acaba perdendo todas
as tradições, porque o idioma vernáculo é o veículo
da História e o instrumento intelectual da sustentação
da personalidade de uma Pátria.
XXXV - Festeja com alegria a ressurreição de um jovem que estava
morto e apodrecia no sepulcro da indiferença, do desânimo, da
dúvida, ou da insensibilidade, porque nesse momento o Brasil tornou-se
mais forte.
XXXVI - Procura, primeiro, compreender, para depois te fazeres compreendido;
se assim não procederes, em vez de atrair, irritas e longe de conquistar
um amigo, arranjarás um inimigo.
XXXVII - Sê cavalheiro na palavra que dizes e no tom em que a proferes;
isso não impede de sustentares as tuas convicções e terás
mais facilidades em transmiti-las.
XXXVIII - Não afirmes em detrimento de outrem senão aquilo
que tiveres como certo e, assim mesmo, quando isso for necessário para
evitar maior mal. Combate a desgraça nacional da calúnia, da
injúria e da maledicência, evitando conversas ociosas a respeito
de pessoas. Eleva o nível das tuas conversações e imprime
aos teus debates uma impecável linha de elegância.
XXXIX - Confessa o teu erro se te surpreendes errado; não sofismes
por vaidade ou mal compreendido amor próprio, a fim de não passares
por desonesto ou pouco inteligente.
XL - Se és incapaz de sonhar, nasceste velho; se o teu sonho te impede
de agir segundo as realidades, nasceste inútil; se, porém, sabes
transformar sonhos em realidades e tocar as realidades que encontras com a
luz do teu sonho, então serás grande na tua Pátria e
a tua Pátria será grande em ti.
O QUE É SER "ESTUDANTE"?
Querer saber não é atributo da criança e do jovem, como
do adulto que jovem continua a ser?
Deste pensar, será estudante quem mantiver o desejo de saber e com
o saber o espírito de juventude!
E ser jovem, o que é?
Não é ser idealista e também acreditar em efêmeras
ilusões?
E nessas efêmeras ilusões (ficções ou miragens),
não estão os "seus amores", porventura de breve duração,
"como as rosas de um dia", "perfume de sonho que se sonhou"?
Assim pensando, em dada canção dedicada aos estudantes, que
o mesmo é dizer, aos jovens que o sejam, está dito:
"Quero ficar sempre estudante
para eternizar a ilusão de um instante..."
A pretender-se guardar no sacrário do nosso ser, esses ideais e sonhos
de amor, perdurados pelo tempo fora com espírito jovem - porque o espírito
não tendo corpo não envelhece!
Autor: Prof. Dr. Aureliano da Fonseca
Fonte: www.brasilcultura.com.br
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