domingo, 28 de abril de 2013

QUEM QUER VENCER FAZ ASSIM!


"SÓ CONSEGUI ESTUDAR NO CEMITÉRIO", DIZ COVEIRO QUE FARÁ PROVA DA OAB


Hamilton Silva conta que voltou a estudar quando trabalhava em cemitério. Formou-se em direito e hoje sonha em ir mais longe: “Quero advogar”.
Para a maioria das pessoas, cemitérios são locais onde tudo morre, vira pó e passado. Alguns chegam a ter medo de pôr os pés no lugar. Mas para Hamilton Correia da Silva, 44 anos, estar em meio aos túmulos, enterrando cadáveres, abriu as portas para uma vida nova. Hoje, ele admite que o trabalho como coveiro foi fundamental para a conquista de um sonho: entrar na universidade. “Estava parado há 16 anos antes de voltar à sala de aula e fazer uma graduação. O cemitério foi o único lugar onde consegui estudar”, conta. Neste domingo (28), já bacharel em Direito depois de 5 anos de dedicação, Hamilton encara o 10° exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Minha mãe sempre colocou a educação em primeiro plano”
Hamilton da Silva, ex-coveiro

De família humilde, Hamilton fez de tudo um pouco antes de aceitar o emprego no cemitério de Vila Nazaré, no 
Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife, cidade onde reside. Imprimiu estampas em camisas, fez bico de eletrotécnico, foi auxiliar de serviços gerais e operou máquinas em uma fábrica de bebidas. “Minha mãe sempre colocou a educação em primeiro plano, mas a falta de condição não me permitiu concluir os estudos quando era mais novo. Estudar no Brasil é caro e difícil”, comenta.
A chegada dos filhos – ele foi pai pela primeira vez aos 14 anos – também contribuiu para o afastamento da escola. “Comecei a trabalhar cedo para sustentar minha família”, diz. A vaga no serviço fúnebre surgiu após passar dois anos desempregado. “Minha esposa trabalhava na parte administrativa do cemitério e passei a acompanhá-la porque estava parado. Um dia, um dos coveiros faltou ao trabalho e ajudei a fazer um enterro. O sepultamento não me causou nenhum impacto. Aí comecei trabalhando voluntariamente. Depois, a gerência me chamou e me contratou”, lembra.
O incentivo para voltar a estudar partiu da esposa. Hamilton relata que, por sugestão dela, prestou vestibular para direito em uma faculdade particular, após tentar, sem sucesso, uma vaga no curso de medicina da Universidade de Pernambuco (UPE). “Inicialmente fiquei triste, mas acabei sendo aprovado na faculdade de direito. E o que eu queria mesmo era ter uma formação”, afirma.
Fonte: Alexandre Morais

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